
Todo mês de março, a nossa equipe escolhe um tema para abordar no 8M, o Dia Internacional da Mulher, e neste ano decidimos homenagear as mulheres indígenas, suas lutas e resistência.
Já teve ano em que celebramos heroínas negras – com a campanha Pretagonistas (2021); as jovens da Gen Z também foram pauta no 8M (2022); depois exaltamos as mulheres trans – reforçando nossa posição Transfeminista (2023); e mais recentemente falamos das mulheres que romperam ciclos de violência (2024).
Nossa equipe é formada por mulheres negras, indígenas, brancas, trans, lésbicas, bissexuais, de várias gerações, com territórios e experiências diversas. Sabemos da importância de iluminar as temáticas e recortes que são tão caros pra gente! Por isso, convidamos nossas leitoras, a cada ano, para apoiar as nossas causas e conteúdos neste mês de março.
Protagonistas ancestrais
No ano que o Brasil vai sediar a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) e que estamos discutindo como nunca a crise climática, o nosso foco para este 8M se mostra ainda mais pertinente. As mulheres indígenas estão entre as maiores protagonistas da luta pelo meio ambiente e detentoras do conhecimento ancestral que há muito tempo já nos alerta sobre o que está acontecendo com o nosso planeta.
Como mulher indígena, eu sinto que ainda há muito a ser conquistado… ainda ocupamos pouquíssimos espaços, ainda somos silenciadas até em eventos que deveriam nos ouvir – como Txai Suruí, detida por seguranças da ONU na COP16 – e somos violentadas de diversas formas.
Quando veículos jornalísticos escolhem nos dar voz, isso já fortalece nossa presença e reafirma que estamos todas juntas aqui, resistindo, lutando pela demarcação dos nossos territórios e pela defesa da vida de meninas, mulheres e meio ambiente. Espero que, com esse 8M de celebração da força indígena, possamos inspirar mais pessoas a caminhar ao nosso lado.
Indígenas organizadas em luta
Associações de mulheres indígenas se multiplicaram pelo Brasil nos últimos anos, chegando a 241 entidades, presentes em todos os 26 estados e no Distrito Federal. As mulheres indígenas de diferentes povos e regiões estão unindo forças na luta pela demarcação de suas terras, garantia de direitos e preservação ambiental no Brasil. Esse movimento é revelado pelo recém-lançado Mapa das Organizações das Mulheres Indígenas.
A reportagem d’AzMina ouviu algumas dessas iniciativas e narra esse crescimento da luta organizada por elas. E, em uma segunda matéria em homenagem às mulheres indígena neste 8M, publicamos o perfil de cinco lideranças que levam a causa indígena brasileira para o mundo. Vem conhecer!
A jornalista Jane Fernandes conta aqui um pouco como foi entrevistar essas organizações e mulheres que estão na defesa das comunidades, do território e do meio ambiente:
“Foram semanas de buscas, ajustes e conversas enriquecedoras. Estabelecer contato nem sempre é fácil, a internet da aldeia cai, a energia oscila, o cotidiano offline se impõe. Todas as entidades ouvidas e as mulheres dos perfis lutam pela terra e pelos direitos das mulheres, mas cada uma com seus próprios caminhos e pontos centrais. Em uma delas, a Lei Maria da Penha foi traduzida para kaingang e guarani; outra capacitou suas associadas para combater incêndios no Cerrado; e uma terceira se destaca com seus artesanatos e já fez roupa para Anitta. São mulheres contemporâneas, conectadas, mas que não deixam que as tecnologias roubem o tempo de contar suas histórias, celebrar a ancestralidade, conversar olho no olho e estar em contato com a natureza.”