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1 de março de 2023

Feminismo contra a transfobia: um #8M sobre mulheres trans

Celebrar as mulheres trans é uma decisão de união, para que um dia não seja preciso explicar porque fizemos essa escolha

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No mês de março, o site e as redes sociais da Revista AzMina trarão conteúdos que não apenas marcam a existência, mas celebram a vida e a luta de mulheres trans latinoamericanas. Poderíamos fazer isso em qualquer momento do ano. Mas escolhemos fazer agora porque, assim como em 2021, exaltamos as mulheres negras protagonistas da história, ou as jovens feministas da geração Z em 2022, exaltar as mulheres trans no Dia Internacional da Mulher é uma posição e um lembrete daquilo que deveria ser óbvio: elas são mulheres, com seus recortes e especificidades, como todas as outras. E isso não pode mais ser colocado em xeque. 

Em uma América Latina em que a expectativa de vida de uma mulher trans não ultrapassa os 35 anos, contaremos histórias de mulheres do Brasil, Honduras, Equador e Colômbia que tentam subverter essa lógica. Para isso, convidamos veículos de mídia independente e feminista desses países. Além dessa parceria transfronteiriça, publicaremos conteúdos em textos e vídeos, por e com mulheres trans, que explicam porque o 8 de Março pode e deve ser uma data de luta para o transfeminismo. 

Todo #8M é importante e poderoso para AzMina, ainda que a gente saiba que não é só no “mês da mulher” que devemos ser respeitadas e celebradas. O 8 de março é, antes de tudo, uma data política, que nos rememora a luta de mulheres operárias que sempre se organizaram contra governos e patrões.

Assim como nos lembra do poder da mobilização: quando unimos nossas forças e lutas, vamos além. Para a gente, o #8M é sobre a visibilização dessas forças e lutas – todas elas. E, diante de um cenário de avanço de narrativas que tentam nos fragmentar, focar nas histórias das mulheres trans é evocar que o #8M também é uma data contra a transfobia. 

Leia mais: Transfeminismo: porque é urgente compreender essa luta?

AzMina sempre tratou das opressões que afetam todas as mulheres, cis ou trans, de qualquer orientação sexual -, mas, neste 2023, se faz necessário lutar contra a ofensiva transfóbica, que invadiu inclusive os debates sobre gênero. Sabemos que o Brasil é, há mais de uma década, o país que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo, mas desde 2018 estamos assistindo a ataques em massa: no Congresso Nacional, nas redes sociais, em discussões sobre infância e maternidade, e isso não se restringe a uma mobilização conservadora ou dos partidos de direita. Ainda precisamos de mais investigações que apontem como – e com que dinheiro – essa rede se mobiliza, porque sabemos que ela é organizada, tem método.   

Leia mais: Transfobia e violência sequestraram debate sobre candidatas trans e travestis nas redes

Se você acompanha de perto nossas redes sociais, pode ter visto, nos últimos meses, comentários transfóbicos e ações coordenadas em conteúdos nossos que falam sobre transgeneridade. A principal justificativa dessas pessoas é de que o feminismo que pauta as lutas trans estaria “apagando as demandas das mulheres (cis)”. Demandas que, segundo essa linha de pensamento, existiriam exclusivamente por conta de características biológicas.

Sabemos que mulheres cisgênero sofrem inúmeras opressões e que muitas incidem diretamente sobre o sistema reprodutor – o útero, o ovário, a vulva. Não as negamos, as combatemos de diferentes maneiras. Mas acreditamos que a violência sofrida por mulheres cis e trans vem do espectro social. Temos mais coisas em comum do que diferentes: o sistema que nos oprime é o mesmo, e, desse ponto de vista, ele não atua sobre o aparelho reprodutor feminino, mas sobre o gênero mulher, independente da biologia ou cromossomos. Por isso, te convidamos também a somar as demandas das mulheres trans à luta feminista, neste 8 de março e sempre.

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O #8M, assim como o feminismo, evoluiu e está além da história mal contada de um incêndio ou do determinismo biológico para definir o que é ser mulher. AzMina decidiu destacar isso e esperamos que você celebre essas mulheres maravilhosas junto com a gente.

* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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