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16 de janeiro de 2020

“Me agarrei à profissão para sobreviver ao divórcio”

"Também busquei terapia, para ajudar a cicatrizar as feridas e me reequilibrar. E consegui!", conta a mina que senta no Divã

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“Divórcio após 25 anos de casamento e cinco de namoro não é fácil. Principalmente quando essa história, materialmente falando, é de sucesso. Três filhos bem criados, formados, uma casa dos sonhos, amigos em comum que se espelhavam em nós.

O que levaria ao divórcio este casamento idealizado? A princípio, a traição do marido – mas isso era algo que aconteceu durante todo este processo e que eu sempre fiz não ver. Afinal, isto afetaria os filhos, e eles eram o sentido da vida.

E também porque todos os familiares achavam isso natural. Numa das tentativas de separação, ele disse: “isto não é traição!” Ele estava repetindo o que o pai fez, pois homens podem trair…

Até que um dia, já me resgatando, voltando a exercer a profissão que eu tanto amava, a psicologia, eu me atrasei para voltar para a casa. Aflita, fui para casa correndo e em cruzamento uma mulher furou o sinal vermelho e bateu em cheio no meu carro.

Leia mais: O que acontece com um casamento quando a mulher decide viver seus desejos?

Pedi ajuda para o meu marido, que com raiva por eu ter trocado ele pelo trabalho naquele dia, me disse: “Se vira”. E eu me virei. Foi ali que se quebrou o “império” dele.

O carro quase deu perda total, quem o via achava que a motorista teria morrido. Mas aquilo só serviu para me fazer parar e olhar para mim. Este relacionamento era vivido, construído e idealizado só por mim. A partir daí, fui dormir em outro quarto.

Um ano se passou, e cada vez mais distantes, porque ele se sentia vítima da situação. Até que, em uma véspera de Natal, ele saiu todo arrumado, com presentinhos na mão, dizendo que ia buscar a mãe dele para me ajudar. Fui atrás e é claro que ele não havia ido buscar a minha sogra…

Foi quando meu filho mais velho, sabendo das molecagens do pai, me deu o que pra mim foi um ultimato: “Mãe, eu sempre te admirei por toda sua capacidade, e agora vejo você aceitar tudo isto.”

Aquilo foi como um balde de água fria que me cobrava “atitude”.

No dia 26 de dezembro, coloquei as malas na porta do quarto de hóspedes, onde ele estava, e disse: “Vou viajar com os meninos, e não quero que você esteja aqui quando a gente voltar”.

Muita dor. Mas também um desafio a renascer das cinzas.

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Assim foi. Abracei a profissão, fiz duas pós-graduações, uma sobre terapia de casal e outra sobre constelações familiares. Ambas me ajudaram a expandir minha consciência. Busquei terapia, para ajudar a cicatrizar as feridas e me reequilibrar. E consegui!

Ele tinha síndrome do pânico, o que piorou com a separação. Mas eu me mantive firme no meu novo propósito. Ser feliz sozinha e ter sucesso profissional.

Montei um coworking e um espaço para eventos e constelações. E minha filha foi ser minha sócia nesta empreitada. Hoje sou modelo pra ela e pra tantas outras que se inspiram em mim. Só após dez anos de separados, que nos divorciamos. Me sinto fortalecida.

Tenho uma boa relação com meu ex-marido após o divórcio, como pai e mãe. E busco um novo amor, porque só agora aprendi a me amar e a ser feliz sozinha.

Estou plena de mim.”

O Divã de hoje é anônimo.


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* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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