Estamos a menos de um mês da Copa do Mundo de Futebol Feminino e temos motivos para comemorar. Pela primeira vez a TV Globo, por exemplo, vai televisionar os jogos da Seleção Feminina. Uma super bola dentro. A Nike, por sua vez, lançou os novos uniformes da Seleção Brasileira, que, pasmemos, até então nunca tinha tido um uniforme oficial de acordo com as necessidades das jogadoras.
Dessa vez elas foram consultadas, houve troca de informações e estudos para se chegar ao uniforme ideal. As atletas ganharam até álbum de figurinhas da Pannini pela primeira vez e isso não é só simbólico.
É importante, representativo e midiático.
Domingo passado uma reportagem sobre a história do futebol feminino estampava a matéria de capa do caderno de esportes do jornal O Globo e as mais variadas notícias do futebol feminino, inflamadas pelo Mundial, ganharam as mídias tradicionais e até as revistas de moda.
Com certeza Marta e outras atletas estamparão as próximas capas de revistas, com matérias de perfis sobre suas histórias de vida, seus maiores desafios e todas as situações de machismo que passaram no futebol até chegarem a uma Copa do Mundo.
Acompanhar a evolução e o espaço conquistado pelo futebol feminino, para mim, é tão prazeroso quanto escrever mensalmente esta coluna para revista AzMina. Mas vamos pausar um pouco as comemorações para problematizarmos.
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Não é nem um pouco minha intenção cortar o barato de ninguém e, inclusive, enquanto escrevo acabo de ler a notícia que acabamos de bater a maior venda de ingressos da história da Copa do Mundo Feminina, o que torna ainda mais propício o debate e a reflexão que pretendo trazer por aqui:
Afinal, qual será o legado que a Copa, com final marcada para o dia 7 de julho, na França, deixará para o futebol feminino?
A visibilidade que a Copa do Mundo Feminino traz consigo não pode ser encarada como a panaceia de todos os problemas que historicamente enfrenta o futebol feminino no Brasil e no mundo. O que podemos, então, fazer para que esses avanços, campanhas publicitárias e mídias que abraçam o futebol feminino por ora, não sejam apenas plumas ao vento, restritas a eventos deste porte?
Não há uma fórmula mágica para que isso ocorra, mas algumas evoluções que tivemos recentemente são animadoras. Neste ano, por exemplo, 16 times disputam o Campeonato Brasileiro A-1, primeira divisão. Infelizmente as sete primeiras rodadas do campeonato foram transmitidas ao vivo somente pelo Twitter, mas há poucos dias a TV Bandeirantes junto à CBF validou os direitos de transmissão para a TV aberta e os jogos da primeira e segunda divisão serão televisionados aos sábados e domingos, às 14h, além da transmissão no Twitter. Isso não acontecia desde 2017, ano em que as transmissões ficaram a cargo do canal fechado SporTV.
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Apoiar e dar nossa audiência seja pelas redes sociais ou pela TV já é de extrema importância para que as transmissões continuem acontecendo. Ir aos estádios e acompanhar as recentes campanhas dos clubes brasileiros com o intuito de aumentar a visibilidade do futebol feminino é essencial. Existem campanhas maravilhosas encabeçadas por grandes times e ingressos com precinhos camaradas para irmos ao estádio sem pesar no orçamento e acho um super programão de sábado à tarde.
Convido você, mana, a pesquisar como anda o futebol feminino na sua cidade e começar a apoiá-lo, mesmo que em pequenas atitudes
Pode ser um post na rede social, um like numa foto de uma jogadora, uma cobrança no jornal local por mais matérias sobre futebol feminino. Pode ser uma chamada na escola da sua filha (o) quando notar que “só homem joga futebol”. Ou uma ligada na TV para acompanhar um jogo. Uma ida ao estádio, fenomenal. Mas que não seja passageiro. Que sejam rotineiros, as mudanças e o progresso.