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Agnes Arruda
28 de março de 2022

Por que (ainda) vamos atrás de milagres para emagrecer?

As notícias de mulheres que morrem ou têm graves complicações de saúde após procedimentos milagrosos para perder peso são cada vez mais comuns

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As notícias de mulheres que morrem ou têm graves complicações de saúde após realizarem procedimentos estéticos ou consumirem medicamentos com a intenção de perder peso são cada vez mais comuns.

A prática não é exclusividade de quem não tem acesso à informação ou a tratamentos… Mas com tantos riscos, nada velados, por que AINDA acreditamos em milagres para emagrecer?

Quando notícias como essas vêm à tona e geram repercussão, há até uma certa discussão sobre o assunto, mas que logo passa. No caso de mulheres magras, vira e mexe ouvimos algo como: Era tão bonita… Nem precisava disso!

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Além de responsabilizar a vítima pela sua própria morte ou sequela – que na verdade é consequência de uma intensa pressão social pelo corpo magro -, frases como essa reforçam a ideia de que existe alguém que de fato tem a necessidade de se submeter aos riscos para ser magra.

Outra reação comum que vemos é a de espanto, principalmente nos casos relacionados àquelas que adotam dietas extremamente restritivas.  Espantam-se quando essas pessoas consomem medicamentos ilegais e/ou de procedência duvidosa, ou se submetem a procedimentos estéticos invasivos em clínicas clandestinas. 

O que ninguém tem coragem de dizer é que essa surpresa é de fachada. Afinal, atire a primeira pedra quem não reproduziu, ou ao menos cogitou ter esses mesmos comportamentos visando a recompensa do corpo sonhado.

Não é só ter força de vontade

O que chamamos de ‘cultura das dietas’ é consequência do discurso motivacional que afirma: “é só ter força de vontade”; “é só querer”, como também de suas variantes mais agressivas: “é só fechar a boca” ou “é só ter vergonha na cara”. Fazem parte disso ainda as abordagens invasivas de quem mal conhece a gente e já vem oferecendo as receitas mirabolantes para “secar”.

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Depois de uma vida sendo influenciada por esses estímulos, dentro e fora de casa, no trabalho, na escola, nos relacionamentos amorosos e até nas amizades, como julgar quem se submete a tudo isso? 

Se o pior acontece, é a mulher fútil e irresponsável, que só liga para a aparência, e é criticada por sucumbir à pressão. No entanto, se há o custo do risco há o emagrecimento. O que os elogios à magreza reforçam é que não há mal maior que o mal de ser gorda… A velha hipocrisia dos que pensam: “saúde em primeiro lugar”.

* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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