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Mulher branca, cabelos muito curtos, sorrindo com a mao no queixo, vestida de preto
7 de fevereiro de 2025

Mulheres vivem mais, mas com menos saúde

As mulheres recebem diagnósticos tardios ou incorretos para mais de 700 tipos de doenças, segundo o McKinsey Health Institute 

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colagem digital mostra uma mulher presa por um band aid remetendo ao aprisionamento da mulheres pelas limitações dos serviços de saúde e da própria medicina

Ao priorizarem o cuidado com os outros, as mulheres muitas vezes adiam o próprio cuidado e acabam recebendo diagnósticos tardios ou incorretos para mais de 700 tipos de doenças, conforme o McKinsey Health Institute

Elas também sentem mais no bolso: gastam 18% a mais em despesas de saúde do que os homens – taxa chamada informalmente de “imposto rosa” – e passam 25% mais tempo com a saúde debilitada durante os anos produtivos. Esse último dado, apresentado pela consultoria Deloitte, derruba o mito de que as mulheres vivem mais porque têm, necessariamente, mais saúde. Podemos dizer que elas são sobreviventes. E queremos mudar essa trajetória o mais rápido possível.

Esse é um caminho não apenas justo, mas também inteligente. Nós nos debruçamos sobre o tema da saúde das mulheres no Roche Press Day, evento preparado anualmente para jornalistas da América Latina. Na ocasião, pudemos conhecer dados relacionados a cuidado, diagnóstico e tratamento de mulheres, e constatar o quanto a má gestão da saúde impacta todos os setores.

Uma estimativa do McKinsey Health Institute, em colaboração com o Centro de Saúde e Assistência Sanitária do Fórum Econômico Mundial (WEF), sugere que sanar esses problemas poderia adicionar mais de 51 bilhões de dólares ao PIB anual da América Latina até 2040

Promover a saúde é um bom negócio

O investimento na promoção da saúde feminina também traz retorno financeiro, com cada dólar investido gerando de 2 a 4 dólares em retorno econômico, conforme o estudo. Isso ocorre porque melhora a produtividade, reduz os custos com tratamentos tardios e fortalece a força de trabalho, gerando impacto direto e indireto na economia. Como vemos, equidade de gênero na saúde também é decisiva para uma gestão pública mais eficiente.

Não há dúvidas de que organizações e governos se beneficiam de uma diversidade de perspectivas e experiências, resultando em soluções mais abrangentes para os desafios sociais e econômicos. Por outro lado, nós, mulheres, ganhamos a liberdade de escolher como desejamos exercer nosso papel social, seja na liderança, na política ou onde quisermos estar.

Leia mais: Saúde feminina: quem cuida de nós?

Equidade plena sem fronteiras de gênero

Sempre considerei a luta pela equidade de gênero uma questão coletiva. Um espaço no qual reconhecemos que todas as pessoas têm o direito de contribuir para a sociedade da maneira que escolhem e se sentem preparadas. Para mim, o trabalho representa uma plataforma para o exercício social. Este é o principal motivo pelo qual ele deve ser, sempre, agênero.

As mulheres, historicamente, foram confinadas a papéis pré-definidos, sendo a maternidade sua principal contribuição esperada. Embora ser mãe seja uma experiência profundamente significativa para muitas, é crucial entender que os desejos e as aspirações femininas vão além desse papel. Mulheres, assim como homens, devem ter a liberdade de escolher como desejam contribuir com o mundo, sem ser limitada por expectativas baseadas no gênero.

Venho de uma família de mulheres muito fortes. Mães, tias, irmãs que, diante dos desafios, nunca deixaram de lutar por seu espaço e de se expressar com firmeza e coragem. Algumas o fizeram por escolha, outras por necessidade, mas todas contribuíram para o senso de comunidade e cuidado mútuo que carrego comigo. Sei que devo a elas o lugar que ocupo hoje. E, quando se é mulher, ocupar espaços de liderança não significa, necessariamente, uma linha de chegada, mas, sim, um ponto de partida para fazer mais gente caber. 

Mulheres ocupam poucos cargos de alta liderança

Na gestão pública, por exemplo, um estudo do Movimento Pessoas à Frente revela que as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de alta liderança na União. Ainda que haja avanços, essa é uma proporção muito desigual, considerando que representamos mais da metade da população em geral. Além disso, mulheres que se lançam na carreira pública são frequentemente alvo de violência política de gênero, como amplamente divulgado pela própria revista AzMina

É essencial que as mulheres tenham voz política ativa, não apenas como um direito fundamental, mas porque suas experiências e perspectivas geram mudanças sob novos ângulos. É um caminho essencial para reduzirmos a iniquidade de gênero em todas as esferas da sociedade, inclusive na saúde, na qual ela ainda é tão alarmante.

Leia mais: Saúde é direito. Gordofobia é preconceito

* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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