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24 de fevereiro de 2017

Listamos os maiores blocos feministas do Brasil pra você

Confira o roteiro dos blocos que celebram o poder das mulheres e onde o assédio não tem vez

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“Você não tem direito de falar assim comigo. Quem você pensa que é pra tentar se aproximar? Eu não lhe conheço nem quero saber o que você pensa ao meu respeito, não precisa me contar.”

A marchinha dá o tom de como as mulheres querem curtir esse carnaval. Cansadas de assédios durante a folia, criamos nossos próprios espaços, nos apoderamos do lema “Lugar da mulher é onde ela quiser”, e saímos para nos divertir em blocos que bradam respeito.

Os blocos de carnaval feministas são encontrados em diversas regiões do país. Até Daniela Mercury anunciou no último dia 14 que o tema do seu trio elétrico será Empoderamento feminino, gay e negro. “Eu estou aqui para falar de equivalência de direito e, no carnaval, de felicidade. Afinal de contas, a gente merece felicidade o ano inteiro. É isso que venho dizer. Ser feliz, do jeito que cada um é, sem medo de ser diferente”, explicou em sua coletiva.

Foto de divulgação/Facebook – As Minas do Carnaval de Belô

Em Salvador, na sexta-feira (24), a festa é sobre o empoderamento gay; no domingo (26), sobre o empoderamento feminino; na segunda-feira (27), empoderamento negro; na terça (28), o tema “Extranhos Terrestres”, nome de uma canção da artista, dá o tom a festa.

Em Belo Horizonte (MG), os blocos chegaram como uma porta-bandeira orgulhosa com seu estandarte! O pré-carnaval ficou por conta dos blocos “Bruta Flor” e “Clandes Tinas“. O cortejo é da Praça da Estação ao centro de BH, repleto de mulheres dançando, tocando e se divertindo, vestidas com roupas predominantemente verdes, muito glitter e adereços, ao som de marchinhas empoderadoras.

O bloco “As Minas do Carnaval de Belô” surgiu depois de um jornal da cidade ter publicado no Facebook uma matéria sobre o desfile dos blocos de rua formados exclusivamente por mulheres. A postagem mostrava diversos leitores com comentários misóginos e que disseminavam a cultura da violência contra a mulher.

Criaram então uma campanha batizada de “Tira a mão: é hora de dar um basta”, numa ressignificação do refrão da marchinha “Coxinha da Madrasta”. O tom da campanha é leve. Busca mostrar que a foliã está no carnaval para se divertir e que o limite entre o assédio e a paquera não está na roupa, na fantasia ou na dança. Está na vontade da mulher. O “Trio Chacoalha” deu o pontapé inicial da campanha.

De Minas Gerais para Brasília, a diversão trouxe às ruas os blocos: Maria vai Casoutras, uma banda de percussão formada exclusivamente por mulheres; e Vai com as Profanas, bloco tropical-feminista, uma fusão do que se conhece estética e musicalmente como tropicalismo com (a mais do que necessária) luta pela igualdade de gênero.

No Rio de Janeiro, “Mulheres de Chico“, o primeiro bloco feminino e temático do Brasil, chega como um carro alegórico. O bloco recria com muita originalidade as músicas do compositor Chico Buarque de Hollanda, além de ritmos como o ijexá, o baião, o coco, o xote, o funk, o frevo e as marchinhas. No dia 24, na Fundição Progresso, participa da Abertura do Ensaio Monobloco às 22h. Veja mais da agenda delas aqui.

No Motim acontecerá o CarnaRiot, uma festa pra lá de empoderada ao som das DJS residentes do Baile Femininja RJ

SÃO PAULO

Aqui em São Paulo, Ilú Obá De Min traz toda a resistência, luta e empoderamento da mulher negra, assim como o fortalecimento das relações étnico-raciais e de enfrentamento do racismo, sexismo, discriminação, preconceito, intolerância religiosa e homofobia. O cortejo inicia dia 24, às 19h, na Praça da República. Encontre outras datas aqui.

O Bloco Ritaleena, a rainha inquestionável do rock nacional, é tema de cordão carnavalesco em releituras de canções antológicas, como “Panis et Circenses”, “Bem Me Quer, Mal Me Quer”, “Ovelha Negra” e tantas outras que povoam o imaginário musical brasileiro. Apresenta-se dois dias, 24 e 26, em lugares distintos: veja aqui.

O Bloco Siga Bem Caminhoneira! faz a festa no dia 25. O evento começa no Espaço 13 às 17h — confira o evento do Facebook.

Na terça-feira de carnaval, o Bloco Pagu exalta a igualdade entre gêneros e liberdade individual da mulher. Com a estrutura de um trio elétrico com potência de 140.000W, o bloco toca clássicos da MPB que tornaram-se famosos na voz de interpretes importantes na história musical do país, de Carmem Miranda a Elis Regina, passando por Marisa Monte, Gal Costa, Maria Bethania, Dona Ivone Lara, Rita Lee, Alcione, Beth Carvalho, Baby do Brasil, Margareth Menezes e Elba Ramalho, entre outras. Parte do Largo Pátio do Colégio, às 15h.

No dia 4 de março é a vez do Bloco Siriricando, que tem concentração na Rua Martiniano de Carvalho, alta 280 – Bela Vista. E, no dia 5 de março, o Bloco da Gótica Suave, nos Trilhos, e o Bloco da Diversidade, no Largo do Arouche.

Em um clima descontraído, a arte encontra o diálogo político sobre as muitas formas de ser mulher no Brasil, trazendo diversas DJs para o evento. Essa será a edição do Boteco da Diversidade: Feminismo, no dia 4 de março, no Sesc Pompeia.

Não está a fim de pular em bloquinhos?

Como opção para quem estará em São Paulo procurando algo menos carnavalesco, em pleno domingo de carnaval, dia 26 de fevereiro, a banda Hierofante Purpura se apresenta no Submundo 177. Confira o evento no Facebook.

Pós-ressaca de carnaval, no dia 5 de março, a festa One Beat inicia 2017 com discotecagem riot girl e também show da Repentina. Repentina é Eliane Testone, que fez parte das bandas paulistanas Kit Kat Klub, Dog School, Pin Ups, Hats, Lava e Las Dirces como guitarrista e vocalista.

Na festa da One Beat apresentará músicas inéditas em guitarra e vocal. Confira o evento no Facebook.

Protagonismo feminino em festival

Em fevereiro, o Festival Sêla chegou como abre-alas, anunciando que em 2017 o carnaval é feminista! Foram cinco dias de puro protagonismo feminino (de 1º a 5 de fevereiro), um evento que veio somar aos já existentes festivais feitos por mulheres para mulheres.

No primeiro dia, uma roda de conversa sobre os “Paradigmas da mulher na música” foi mediada por Cris Rangel, idealizadora da Lôca do Play Discos e Curadoria, com artistas da cena independente: Manallu, Silvia Sant’Anna, Nina Oliveira e Amanda. Foram duas horas e meia em que as mulheres desabafaram e trocaram experiências vividas na música. Anna Tréa subiu ao palco do Breve no show #MeClareia mais do que intimista, levando a mulherada para uma outra dimensão cheia de amor, possibilidades e empoderamento.

Fotos: Filipa Andreia (projeto WE ARE NOT WITH THE BAND)

A programação seguiu, no segundo dia, com a balada Baphyphyna trazendo a mulher na música eletrônica com DJ Luana Hansen, Érica, S A NN I (Berlin) e Amanda Mussi no Louders Bar. A partir do terceiro, todos os shows aconteceram no Centro Cultural Vergueiro, proporcionando um número maior de público e interação. Shows maravilhosos, repletos de força, resistência e ocupação feminina com: LaBaq, Marina Melo + Mel Duarte, Tássia Reis (no terceiro dia); Sara não tem nome, Camila Garófalo, As Bahias e a Cozinha Mineira (no quarto dia); Natália Matos, Sandyalê e Tiê, finalizando essa grandiosidade.

Fotos por Lúcia Ellen (exceto duas indicadas tiradas por Filipa Andreia)
* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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