
“Toda mulher tem um plano”, diz o slogan do Plano Feminino. O da jornalista Viviane Duarte, 37, era empoderar mulheres. Em meados de 2010, quando a juventude ainda não falava em “girl power” na internet e achava que feminismo era sinônimo de queimar sutiã em praça pública, o sonho da jornalista paulistana saiu do papel. Nascia o Plano Feminino, uma plataforma especializada em estratégias de marketing que vem criando uma nova representação da mulher na publicidade brasileira.
A construção do Plano Feminino foi de muita inspiração, mas sobretudo, transpiração. A trajetória da empreendedora Viviane é cheia de erros e acertos. Nascida nas quebradas da zona norte paulistana, ela deu duro pra se formar jornalista e passou anos desenhando seu projeto: uma plataforma de conteúdo feminino. Enquanto isso, estudava mais o mercado e trabalhava como executiva em empresas globais do Paraná, construindo estratégias para o público feminino.
Quando chegou a hora, não hesitou em sair do conforto que tinha como gerente de comunicação de uma grande empresa , investiu todas as economias e decidiu voltar para São Paulo para empreender. Viviane deixou sua casa e família em Maringá, para passar 1 ano e 3 meses morando em um quartinho de hotel em São Paulo e fazer seu plano tornar realidade. Precisava conquistar parceiros e marcas que acreditassem em seu modelo de negócio. Insistiu com o brilho no olhar e a perseverança de uma mulher que agarrou seus sonhos com unhas e dentes pra fazer acontecer, e fez: hoje a empreendedora colhe os frutos do esforço. O Plano Feminino, ao longo desses anos, vem criando conexões com propósito entre marcas e consumidoras para clientes como LG, Kellogs, Sanofi, Seda, Brilhante, Natura, Santander, Heineken e outros gigantes. Agora, diz a jornalista paulistana, é hora de retribuir.
No ano em que sua plataforma de conteúdo e branding comemora 6 anos, Viviane lança o Plano de Menina, um projeto que reflete sua própria trajetória: “eu comecei de baixo, mas tive pilares pra me estruturar e chegar onde cheguei. Quero que outras meninas possam ter as oportunidades que eu tive”.
Crescida nas quebradas da Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, ela lança em 8 de março o projeto que é sua menina dos olhos. O Plano de Menina tem por objetivo empoderar garotas das periferias para fazer com que elas sejam protagonistas de suas próprias histórias. O leva workshops e brincadeiras educativas, semanalmente, às garotas, para pensar temas como autoestima, felicidade, educação financeira, liderança feminina, tecnologia, empreendedorismo, entre outros.
“Falar de empoderamento é ainda mais poderoso quando efetivamente estamos realizando algo fora das mídias sociais e textos inspiracionais. Queremos realizar e nos tornar agentes de transformação por meio de iniciativas que promovam a educação e a realização de planos de meninas e mulheres de todo Brasil”, afirma a jornalista.
O Plano de Menina ganhou ainda mais força quando Viviane conheceu a consulesa da França no Brasil, Alexandra Loras, que luta contra a exclusão social eo racismo há anos. Filha de pai congolês, ela se apaixonou pelo projeto e se tornou parceira de Viviane e embaixadora oficial do Plano de Menina. “Quando a Viviane me falou do projeto eu me encantei. Acredito muito na força da mulher e do conhecimento, e nós queremos ser um canal de empoderamento para essas meninas”, reforça a consulesa. Juntas, Viviane e Alexandra montaram um time de embaixadoras que reúne diversas mulheres poderosas, como Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, presidenta do Geledés Instituto da Mulher Negra, Giovana Camargo, co-fundadora da plataforma de educação Cinese e Letícia Bahia, que representa Revista AzMina no projeto.
A fase inicial deverá contemplar 100 meninas que já tenham algum engajamento com ONGs ou lideranças dentro da comunidade. Para o primeiro ano, o foco é São Paulo – capital, mas posteriormente a intenção é amplificar o raio de alcance para outros estados com marcas parceiras da plataforma.
Viviane explica que cada vez mais empresas têm interesse em apoiar projetos como o Plano de Menina: “Não adianta criar anúncios em rosa e roteiros de empoderamento se a marca de fato não tiver uma causa e não transformar sua mensagem em ações de impacto junto às mulheres. As marcas estão entendendo isso e as consumidoras já sabem reconhecer esse movimento”.
O projeto se inicia em março e está em busca de marcas madrinhas para se fortalecer e empoderar mais e mais meninas. “Abriremos espaço para marcas que efetivamente desejem promover mudança e experiências junto às suas consumidoras e além disso, a partir do dia 8 de março, teremos um espaço de cadastro no site, dedicado às mulheres que quiserem dividir suas expertises com o projeto e empoderar nossas meninas com o que tenham de aprendizado para compartilhar”, explica a jornalista.
Com os olhos marejados, Viviane arremata: “O importante é onde essa meninas querem chegar, e elas vão chegar!”