logo AzMina
mulher indigena com colares e arco na cabeça, cabelos pretos lisos e longos
25 de novembro de 2024

Indígenas conectadas: a internet para quebrar estereótipos 

Tecnologias, comunicação e povos originários têm tudo a ver, sim!

Nós fazemos parte do Trust Project

colagem digital mostra duas mulheres indígenas conectadas, as duas estão com celulares nas mãos, uma delas usa fones de ouvido, elas sorriem e fazem poses, sinalizando que estão produzindo conteúdos para a internet

Há quem pense que a tecnologia não faz parte do dia a dia dos povos indígenas. Não é difícil encontrarmos em redes sociais comentários do tipo: “índio de iPhone”, “não sabia que tinha internet na aldeia”, entre outros. Além de possuírem um viés racista, eles demonstram uma ignorância de quem são os povos indígenas. 

O indígena pode ser moderno sem deixar de ser quem ele é. Somos pessoas comuns, usufruindo das ferramentas contemporâneas como qualquer outra. 

Acreditar que o ato de se comunicar, que é um dos pilares das redes sociais, não tem relação com as inúmeras sociedades indígenas é um tremendo equívoco. As culturas originárias são baseadas e transmitidas pela oralidade. A comunicação também é ancestral e faz parte de nossas vidas desde os tempos imemoriais. 

Ao longo dos anos, a juventude indígena começou a ocupar e ganhar destaque em redes sociais como Instagram, TikTok, X (antigo Twitter) e Facebook. Isso possibilitou que os não-indígenas acompanhem o cotidiano e a cultura específica de várias etnias, e a quebra de estereótipos sobre os povos indígenas.

Da rotina ao ativismo indígena

Os temas tratados por mulheres indígenas nas redes são os mais variados, viu? Vão desde a rotina em uma comunidade indígena, como traz Maira Gomez, da etnia Tatuyo (AM). Ela mostra seu povo no TikTok e no Instagram. Tem também militância e atuação junto ao movimento indígena, como fazem as ativistas e comunicadoras Samela Sateré Mawé (AM) e Alice Pataxó (BA). Somando a essas vozes temos Jade Lôbo, pesquisadora de relações étnico-raciais e doutoranda em Antropologia, pertencente ao povo Tupinambá de Olivença (BA).

Outra amazonense com destaque nas redes é Tainara Kambeba, liderança jovem e comunicadora do povo Omágua Kambeba (AM). Ela é integrante da Rede de Jovens Comunicadores da Makira E’ta (Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas). Tainara traz o foco para a juventude indígena amazônida e o ativismo ambiental em suas redes, mostrando a potência das vozes nortistas. 

Leia mais: Até quando sangraremos em nome do projeto colonial brasileiro? 

Moda e estilo caminham com a tradição

Pama Dias, da etnia Puri (MG) é modelo, atriz e diretora de arte, e compartilha um pouco desse universo, unindo tendências, moda e bem-estar na visão de uma mulher indígena em contexto urbano. Além disso, Pama também nutre sua paixão pelo futebol. Em um mundo onde o esporte ainda é tratado como “coisa de homem”, ela mostra que futebol não somente é coisa de mulher, como também é de indígena. 

Këna Marubo é mais nome de destaque entre as influenciadoras originárias. Modelo, confeiteira e artesã, ela traz um conteúdo que mescla a vida na cidade grande e sua tradicionalidade enquanto mulher Marubo. 

E se você é fã de livros, deveria conhecer o trabalho de Mayra Sigwalt. Descendente Kaingang (SC), ela é escritora, youtuber e fala de representação indígena na literatura e cultura pop. Tenho certeza que você vai amar! Vai gostar também do trabalho de Juliana Gomes, do Rio de Janeiro. Indígena e palestrante, ela através da arte visual narra as múltiplas formas de ser indígena e das lutas pelos direitos originários.

Leia mais: Como mulheres indígenas enfrentam a violência de gênero?

Vozes andinas trazem suas referências

Não poderia deixar de citar também o riquíssimo – e maravilhoso – trabalho das parentes andinas Jade Puente, do povo Aymara (Bolívia) e Karla Burgoa, de origem Quéchua (Bolívia). Karla é boliviana-potiguar e comanda o podcast Quipus, além de divulgar e educar os brasileiros sobre as culturas andinas no Instagram e X.

Jade Puente é criadora de conteúdo, residente em São Paulo, e traz consigo a comunidade boliviana da capital, compartilhando suas festas culturais, gastronomia, religiosidade… mostrando que é possível viver sua cultura com orgulho onde quer que esteja. 

Citei aqui apenas algumas das várias vozes originárias, que estão ocupando as redes e rompendo estereótipos – não só pelos assuntos que abordam, mas também pela diversidade geográfica, cultural e fenotípica. Porque os indígenas são assim, diversos. Como dizem alguns parentes: eu posso ser aquilo que você quer que eu seja, sem deixar de ser aquilo que eu sou! 

* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Faça parte dessa luta agora

Tudo que AzMina faz é gratuito e acessível para mulheres e meninas que precisam do jornalismo que luta pelos nossos direitos. Se você leu ou assistiu essa reportagem hoje, é porque nossa equipe trabalhou por semanas para produzir um conteúdo que você não vai encontrar em nenhum outro veículo, como a gente faz. Para continuar, AzMina precisa da sua doação.   

APOIE HOJE