O Brasil possui um histórico de violência política e discriminatória, que se manifesta tanto em espaços públicos como em atitudes cotidianas, nas relações entre as pessoas. Apesar de avanços importantes terem sido realizados desde a democratização, estamos vivendo um momento peculiar e perigoso no qual determinadas pessoas se sentem autorizadas a cometer e defender o uso de violência contra aqueles dos quais discordam – principalmente quando um candidato a presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) homenageia torturadores ou promete “varrer do mapa” seus adversários, entre outros discursos autoritários e violentos.
Buscando o fortalecimento da democracia, a campanha #VotePorMim foi criada para agregar relatos de pessoas que acreditam na empatia e no respeito à diversidade como elementos necessários para preservar o projeto democrático de convivência com a diferença.
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A campanha reúne depoimentos direcionados a familiares e amigos, nos quais pessoas que sofreram ou que são potenciais alvos de violências fazem um apelo a quem lhes têm afeto para que repudiem um projeto baseado na violência. Também inclui relatos sobre diálogos reais referente a tais apelos.
Os textos, enviados por colaboradores e colaboradoras espontâneos, estão sendo publicados nas redes sociais da DeFEMde de forma anônima (no Facebook e no Instagram).
Por meio da campanha, esperamos dar visibilidade a narrativas que acreditam que a empatia, o diálogo e o respeito à diferença são as vias adequadas para construir uma sociedade democrática na qual as pessoas (independentemente de sua classe, raça, gênero, orientação sexual e orientação política) tenham seus direitos fundamentais respeitados.
A capacidade de trocar experiências e de empatia com os outros é fundamental para a construção de uma sociedade coesa, capaz de resolver seus problemas de forma não violenta.
Confira um dos relatos abaixo:
Aos meus pais, avós e ao meu namorado:
Apesar de gozar de muitos privilégios por ter um emprego estável, a pele branca, namorar um homem, ou seja, uma vida confortável, ainda sou uma mulher bissexual. Uma mulher que já foi perseguida por um carro porque o motorista queria me “assistir” beijando a minha então companheira.
Que já ouviu gritos ofensivos na rua. Que escondeu o relacionamento de todos à minha volta e não podia apresentar o par naquela confraternização do trabalho. Que está morrendo de medo pelos meus amigos, pelo meu primo, pela minha antiga companheira, pessoas que não “apanharam” o suficiente.
Que tem que produzir o dobro do que os meus colegas homens produzem, pois trabalho com investigação criminal – e crime é para quem “é macho”, “não é pra mulherzinha”.
Uma pessoa que vê todos os dias famílias destruídas pela violência de gênero, da agressão do parceiro à prática de estupros corretivos e, ainda assim, ser forte pelas vítimas atendidas. Mas como vou ser forte por quem precisa se não tenho como garantir nem a minha própria integridade?
Como vou ser forte para pessoas em situação tão degradante se estou preocupada com os meus amigos e familiares sendo violentados? E se amanhã não for mais o meu namoradO e for uma namoradA? E se eu engravidar e não ganhar o suficiente para dar cuidados básicos , pois mereço ganhar menos por decidir constituir família?
Não estou feliz em ter que apertar aquele número na urna. Preferia tantos outros… mas fico ao lado de quem não está se elegendo nas costas da humilhação de quem eu, meus amigos e meus familiares são. Por enquanto está ok. Mas amanhã pode não estar. Votem por mim!”
Quer participar?
Mande seu relato por meio do nosso formulário.
#votepormim
#votepornós