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Sobreviventes e subversivas, elas usam a arte para mudar o mundo

Artistas dissidentes encontram na cultura seu caminho de transformação

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Como muitas outras mulheres trans, Vicenta Perrota teve sua vida transformada após ser expulsa de casa. E, assim também como tantas outras, ela apostou na cultura para encontrar forças e criar outras formas de existência. Quando a estilista foi viver na moradia da UNICAMP, após ser despejada, ingressou em rodas de conversa sobre gênero e desenvolveu sua identidade profissional. Nesse espaço, fundou o Ateliê TRANSmoras, local de produção de arte, moda e cultura voltado à comunidade trans e uma rede de apoio e afeto. 

Além de permitir um processo de descoberta de si mesma, o ateliê acolhe outras mulheres que buscam na arte uma forma de transformação. Rafa Kennedy, fotógrafa e participante do projeto, conta que foi a partir deste espaço e de seu processo artístico que se compreendeu como artista. Para mulheres como Vicenta e Rafa, assim como Isis Ferreira, designer e fundadora da House of Mutatis e Graciela Guarani, cineasta e produtora cultural, a arte é ferramenta de afirmação de identidade e busca por mudanças sociais.

Tomando a cultura para si mesmas, cada uma dessas mulheres pode descobrir mais sobre suas identidades e pertencimentos. Assim, se no mundo real o preconceito e a intolerância ameaçam a vida dessas mulheres, elas usam o poder da expressão artística como ferramenta de afirmação, fortalecimento e luta.

“Na sociedade, a gente acaba por reprimir muitas coisas nossas por questões estruturais, de preconceito e transfobia. A cultura é o espaço em que a gente acaba por externalizar isso em total magnitude”, diz Isis.

“A arte traz essas possibilidades de desconstrução, para a gente poder construir uma realidade que imprima esse universo dos povos indígenas como uma realidade”, exemplifica Graciela. “É uma forma de trazer uma desmistificação desse corpo indígena”, afirma.

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No quarto episódio da série Por Elas Por Nós, AzMina conversa com três mulheres dissidentes – na identidade de gênero e etnia – da cultura, para então falarem da importância da expressão artística na descoberta de si e na criação de novas possibilidades de existência. No cinema, no figurino ou na cena ballroom elas constroem a resistência de suas comunidades.

A websérie documental Por Elas, Por Nós traz como protagonistas mulheres que transformam o mundo, alterando o cenário de desigualdade de gênero no Brasil. São cinco episódios que tratam da ciência à arte, mostrando iniciativas de impacto tocadas por mulheres. O projeto foi produzido via PROMAC, da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, com patrocínio da B3 e Falconi.

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