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Histéricas, lobotomizadas e medicalizadas

No terceiro episódio do podcast Corpo Especulado, mostramos como a régua de tolerância era (e talvez ainda seja) diferente entre pacientes homens e mulheres para atestar loucuras.

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A ideia da histeria começou a circular ainda na Grécia Antiga como sendo uma certa loucura causada pelo útero. Foi só no século XIX que médicos e outros estudiosos da mente perceberam que aqueles sintomas de perturbação mental podiam afligir qualquer pessoa, não importando o sexo. E tiraram da histeria o selo de “doença de mulher”. 

O que há por trás desse olhar que enxergava a loucura das mulheres tão facilmente enquanto livrava do diagnóstico pacientes homens com comportamento semelhante? Uma régua de tolerância diferente? Uma tentativa de colocá-las em seu devido lugar? Seria isso tudo algo muito distante do que vivemos nos tempos seguintes, ao longo da construção da psiquiatria e da institucionalização dos manicômios? 

Quando olhamos para a história da loucura e para a maneira como ela recebeu recortes de sexo, gênero, raça, classe, damos de cara com o tal fantasma da histeria, que ainda não conseguimos deixar para trás. 

A história de muitas loucas, do passado e do presente, foi contada no terceiro episódio de Corpo especulado – podcast sobre a relação conflituosa entre a ciência e o corpo feminino. Mulheres destinadas a manicômios e salas de lobotomia ou medicalizadas com base em uma régua de tolerância diferente daquela aplicada aos homens. 

O podcast vai ao ar às quartas-feiras e nos próximos episódios vamos passar por temas como dor, prazer e beleza. Se inscreva no canal para não perder nenhum deles.

Aqui você pode conferir a transcrição e audiodescrição do terceiro episódio.

As entrevistadas desse episódio são: 

Jéssica Barbosa: atriz premiada, mestranda na Universidade Federal do Rio de Janeiro e criadora da peça “Em busca de Judith”.

Eliza Toledo: doutora em História das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz e estudiosa da área de gênero e saúde mental pela perspectiva histórica.

Melissa de Oliveira Pereira: professora universitária, doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, militante da luta antimanicomial e pesquisadora de saúde mental e gênero.

Christiane Ribeiro: psiquiatra, mestre e doutoranda em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisadora da saúde mental da mulher. 

Leia mais: Mulheres e depressão: Quando a loucura é filha do machismo

Para saber mais:

Tese de doutorado de Eliza Toledo intitulada “A CIRCULAÇÃO E APLICAÇÃO DA PSICOCIRURGIA NO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DO JUQUERY, SÃO PAULO: UMA QUESTÃO DE GÊNERO (1936-1956)”

Tese de doutorado de Melissa de Oliveira Pereira, intitulada “Mulheres e Reforma Psiquiátrica Brasileira: experiências e agir político”, e artigo da mesma autora sobre medicalização de mulheres no Brasil.

Obs.: No momento a peça “Em busca de Judith” não está em cartaz, mas siga a página no Instagram para acompanhar novidades.

Reportagem investigativa do Fantástico sobre comunidades terapêuticas

Alguns artigos sobre medicalização: 

Uso de medicamentos psicotrópicos em adultos e idosos residentes em Campinas, São Paulo: um estudo transversal de base populacional

Medicalização de Mulheres Idosas e Interação com Consumo de Calmantes

Leia mais: Como autoridades potencializam ataques misóginos e racistas contra jornalistas nas redes

EXPEDIENTE:

A série Corpo Especulado é uma parceria entre a revista AzMina e o podcast 37 Graus, produzida com o apoio do Instituto Serrapilheira. Esse episódio foi apresentado por Helena Bertho e Sarah Azoubel. A produção desse episódio é de Bia Guimarães. A equipe de pesquisa, produção e roteiro da série completa também conta com Joana Suarez e Marília Moreira. A edição de som é de Bia Guimarães, a trilha sonora é de Marianna Romano, e as artes de capa são de Bárbara Miranda e Giulia Santos. A transcrição é de Renata Zioli Dias. 

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