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15 de dezembro de 2016

“O medo dos assédios me deixa em pânico”

Tenho 15 anos e tenho medo até de ir para o colégio sozinha por causa dos "fiu-fius" e "ô lá em casa". Não devia ser assim!

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[fusion_text]O divã de hoje é anônimo.   

Arte de Kathryn.

“Tenho recorrentes crises de ansiedade e depressivas por causa do meu “problema bipolar”, mas não é isso que me incomoda. O que realmente incomoda são os homens que ficam olhando para mim enquanto eu passo pelas ruas com o meu shorts e regata. Ou até mesmo quando eu uso minhas características camisetas dois tamanhos maiores que o meu. Me incomodam os “fiufius” e “ô lá em casa”.

Isso me incomoda tanto! Imagine isso somado a uma crise de ansiedade, o resultado é MEDO.

Medo de andar nas ruas sozinha, ir para o colégio ou mesmo no mercadinho da esquina. E me entristece que isso seja tão normal, essa perseguição nas ruas, que as outras pessoas não entendem meu medo. Falei para minha mãe que tinha um cara me seguindo no caminho para o colégio e ela disse que devia ser minha imaginação. Será? Pode ser que fosse mesmo, mas do mesmo jeito comecei a mudar meu caminho diariamente. Não consigo conviver em paz com essa sensação de perseguição.

Isso assusta, pois nas poucas vezes que me visto mais “mocinha” o assédio está presente para me desencorajar de usar minhas roupas.

A verdade é que prefiro me vestir como gosto só quando vou para uma vila onde quase todos conhecem meu pai. E lá, não por respeito a mim, mas ao meu pai, os homens me deixam em paz. É que muitos desses caras têm medo de perder seus empregos se assediarem a mim ou minhas irmãs.

Tá ai, um relato de medo de uma moça que usa suas roupas mais decotadas só quando tem companhia. Aos 15 anos de idade eu tenho medo de sair sozinha. Não devia ser assim.


Também tem um desabafo para fazer ou uma história para contar? Então senta que o divã é seu! Envie seu relato para helena.dias@azmina.com.br 

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* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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