logo AzMina

Você sabe o que é pegging?

A Ada, do podcast Chicotadas, falou sobre a prática, também chamada de inversão, que inclui uma pessoa sem pênis penetrando analmente uma pessoa que tem pênis

Nós fazemos parte do Trust Project

“No meu cu não”. É essa resposta que a Ada, do podcast Chicotadas, escutou inúmeras vezes quando propôs o pegging para homens heterossexuais. Ela demorou um tempo para conseguir encontrar parceiros que topassem essa dinâmica, que acontece quando uma pessoa sem pênis penetra analmente uma pessoa que tem pênis. Mas quando rolou, foi inesquecível. “Foi ainda melhor do que eu imaginava, eu acho bunda de macho uma delícia”. Ela falou sobre a primeira vez, os melhores dildos e os orgasmos inexplicáveis que descobriu no pegging no “Exausta e com Tesão”, o programa de sexo da Revista AzMina no Youtube que você pode assistir aqui, ou ler essa conversa na íntegra abaixo.

Helena Bertho:  Como você descobriu o pegging?

Ada: Desde sempre eu fiquei muito intrigada por essa história de que os caras queriam muito comer o nosso cu, queriam demais, né? Nossa é muito massa comer cu de mulher, mas o deles nunca estava para jogo. Sendo que eles têm próstata, faz muito mais sentido eles serem penetrados e sentirem prazer anal do que as mulheres cis. Então, isso sempre me intrigou e quando eu descobri que existia o pegging, foi algo que passou a me interessar. Foi realmente o meu fetiche número um, que fez eu descobrir vários outros que eu tenho e que eu pratico hoje em dia.

Quando tudo começou

Helena Bertho:  Como foi a primeira vez que você fez pegging?

Ada: Eu passei muito tempo saindo com parceiros baunilha – pessoas que não são adeptas ao BDSM –  e procurando alguém que curtisse, mas os caras sempre tinham resistência. Era eu falar: ‘olha eu tenho esse interesse, eu acho legal’ e eles já vinham com aquele papo de “no meu cu não”. A minha primeira vez foi com um homem bissexual, que praticava sexo anal com homens e com mulheres. Foi surreal. Eu achava que eu ia gostar, eu tinha essa expectativa, mas foi ainda melhor do que eu imaginava.

Helena Bertho:  Por que foi melhor?

Ada: Cara, porque é uma conexão, uma intimidade, uma sensação de poder de estar provocando esse prazer tão intenso para outra pessoa, né? Ser ativa ali na situação. Realmente, foi muito gostoso e é algo bem frequente nos meus relacionamentos. Eu gosto muito de bunda, acho bunda de macho uma delícia.

Helena Bertho: Como é que mudou esse cenário de nunca conseguir para, de repente, rolar? 

Ada: Eu sou não monogâmica e eu sou praticante de BDSM, então conheço muitas pessoas dessas comunidade. E eu acho que nos últimos anos isso tá virando mais mainstream, as pessoas estão falando um pouco mais sobre isso e tá virando assunto. Certamente, com o tempo, as pessoas vão entendendo que isso pode ser uma possibilidade também, né?

Hora de propor o pegging

Helena Bertho: Você tem uma dica para quem está num relacionamento, que tem um namorado, um marido, um companheiro e tem vontade de experimentar o pegging? Como é que puxa esse assunto e propõe? Não é tão simples falar disso com os caras héteros, né?

Ada: Eu acho legal introduzir falando sobre fantasia, sobre fetiche, perguntar qual é o dele, falar qual é o seu. É importante ir com paciência. E quando você for começar a experimentar, se a parceria topar, vá sempre com calma e lembre-se de que você não precisa fazer tudo num dia só. Começar por fora primeiro, sabe? Só o beijo grego, o sexo oral no cu, fazer um carinho por fora, fazer um carinho entre as bolas e o cu: isso já pode proporcionar prazer e sensações diferentes.  Com o tempo, se ele for curtindo, vai ser natural que vocês deem os próximos passos para introduzir coisas e aí ir para a cinta, pro pegging. 

Bora de passo a passo

Helena Bertho: Você fala que é importante preparar o cu. É sobre isso? Beijo grego, dedadinha? Ou são outras coisas? 

Ada: Primeiro de tudo é você deixar o ambiente preparado com toalha, lencinho, lubrificante a base d’água, camisinha.  Inclusive o jeito que tá minha unha hoje, tá comprida demais. Se eu for comer um cu hoje, eu vou encapar o meu dedo com camisinha para não correr o risco de machucar.  

Anota as dicas

Ada: para fazer movimento de vai e vem ou de tentar achar a próstata. Massagear em direção a próstata, que seria em direção ao umbigo da pessoa. Você vai descobrir quando achar através da resposta do seu parceiro. Inclusive os gemidos que você ouve quando faz um beijo grego é assim, especial.  Eu amo demais, um dos meus sons favoritos. E aí se um dedo entrou confortável, tá rolando, não tá doendo, aí você parte para colocar dois dedos. Começa colocando os dedos entrelaçados, para ter menos espaço de abertura, e depois você consegue ir  soltando. Outra coisa que eu gosto de fazer também para esse processo de abertura é usar um plug ou um estimulador de próstata. 

Helena Bertho: Mostra aí!

Ada: Têm esses menorzinhos de metal, eu tenho um que é menorzinho ainda. O que eu acho importante no plug, é ele ter esse pescocinho para ficar fixo no lugar. Se ele não tiver esse pescocinho, ele cai. No começo da minha jornada, eu comprei esses aqui, que eu nem uso mais, porque ele não tem pescoço. 

Helena Bertho: E indo para os acessórios principais. Acho que primeiro de tudo, queria que você explicasse a diferença entre cinta e dildo.

Entendendo de cintas e dildos

Ada: Sim, isso daqui é uma cinta, é o que você veste e vai colocar o dildo. Eles vendem algumas cintas que já vem o dildo junto, que já vem o dildo grudado, mas eu não recomendo muito. Eu acho que faz mais sentido você comprar separado, porque aí você pode mudar os tamanhos, mudar os formatos, conforme você achar melhor. Eu trouxe dois dildos aqui.  Tem esse aqui que é o meu menorzinho, que normalmente é o que eu começo, não precisa ser muito maior que isso…

Helena Bertho: O menorzinho…. 

Ada: Acho que ele tem 16 centímetros, algo assim.

Helena Bertho: Nossa parece gigante aqui no vídeo, mas tudo bem, estou acreditando em você.

Ada: Juro que só tem 16 centímetros… e o que eu recomendo se você vai testar com homens héteros,  que estejam um pouco inseguros com isso, é comprar esse tipo de dildo que não tem cara de pinto, sabe?

Helena Bertho: Para não acharem que é competição.

Ada: É, e eles vem com diferentes tamanhos de anel para diferentes tamanhos de pinto…

Pode parecer difícil no começo, mas o segredo é a prática

Helena Bertho: Uma pergunta, quando eu uso cinta, eu só tenho uma calcinha, e dá sensação de que fica frouxo, de que eu não controlo aquilo….

Ada: Certamente, para a pessoa que não nasceu com pinto é um novo aprendizado, né?  Os caras fazem isso desde sempre, e eles tem sensibilidade ali, né? Para mim, a melhor posição para você começar a comer alguém é com a pessoa de barriga para cima na beirada da cama. Então, as pernas do cara ficam para cima, e nessa posição eu consigo enxergar o que eu tô fazendo. Você consegue penetrar de uma forma mais confortável, você consegue enxergar a cinta indo e voltando e também a sua parceria que está experimentando pela primeira vez pode relaxar, porque não tá com o corpo tenso.  Basicamente, eu acho que o mais importante é você ficar a vontade, ter confiança na sua parceira de que ela vai respeitar os seus limites, que vocês vão aos poucos, e lembra que pode ser, realmente, transformador se você se dar essa chance.

Orgasmo e pegging

Helena Bertho: Você consegue gozar comendo cu?

Ada: Consigo, não é tão frequente, não é toda vez, mas acontece. Eu gosto muito dessa posição de estar dando esse nível de prazer para o meu parceiro, então quando eu gozo dessa forma, é uma sensação de poder, de intensidade muito gostosa. E falando do gozo dos parceiros, quando eles curtem e gozam com a dupla estimulação, tanto a estimulação da próstata, quanto a estimulação do pau, o bagulho é doido. De tremer o corpo inteiro, da pessoa tipo desligar 10, 15 minutos, porque não tá nem raciocinando direito com tudo o que aconteceu ali na hora sabe. 

Helena Bertho: É todo um universo de possibilidades. 

Ada: Certamente, são muitas possibilidades, é maravilhoso, recomendo demais. 

Sexo é também espaço de experimentação e de descoberta, então vai livre, deixa a nóia de lado e assista ao vídeo para se inspirar! 

Leia mais: O que é sexo para você? – AzMina

Faça parte dessa luta agora

Tudo que AzMina faz é gratuito e acessível para mulheres e meninas que precisam do jornalismo que luta pelos nossos direitos. Se você leu ou assistiu essa reportagem hoje, é porque nossa equipe trabalhou por semanas para produzir um conteúdo que você não vai encontrar em nenhum outro veículo, como a gente faz. Para continuar, AzMina precisa da sua doação.   

APOIE HOJE