Teve início em abril de 2021, no Senado Federal, a CPI da COVID-19, também chamada de CPI da Pandemia, CPI do Coronavírus, ou CPI da COVID. A comissão parlamentar de inquérito investiga supostas omissões e irregularidades nas ações do governo federal durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. Fazem parte dela 18 senadores – todos homens. E, diante de um cenário de crise sanitária e econômica que afetou diretamente as mulheres – principalmente as negras, pobres e periféricas – a ausência de representantes femininas para falar sobre gênero na comissão é um problema.
A exposição ao vírus, o acesso aos serviços básicos de saúde, a responsabilidade de cuidar da família em meio a uma crise sanitária, tudo isso afeta as mulheres de maneiras bastante específicas. Foram mais de 600 mortes maternas em decorrência da Covid-19 até agora. As enfermeiras mulheres, que são maioria na categoria que está na linha de frente do combate ao vírus, tiveram que lidar com a falta de materiais básicos de segurança, como máscaras e álcool em gel. E, sem um auxílio emergencial que supra as necessidades de uma família, mulheres se expõem diariamente ao risco nas ruas das cidades brasileiras.
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Respeitando a proporção de mulheres eleitas para o Senado, ao menos duas senadoras titulares e uma suplente deveriam fazer parte da CPI. Mas os líderes de partidos e de bancadas – em sua maioria homens – só indicaram senadores para integrar a comissão. Depois de um acordo, as mulheres conseguiram espaço de fala, mas desde o início vêm sendo diariamente interrompidas pelos senadores, em uma série de atitudes misóginas dentro do Congresso.
É sobre isso que falamos esta semana no quadro “Mas vocês vêem gênero em tudo?“, no nosso canal do YouTube. A CPI da Pandemia é lugar de mulher e a gente explica o porquê.