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Por que feminismo não é suficiente pra luta das mulheres indígenas?

A reivindicação delas envolve o território e demandas diversas de seus povos

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Nos últimos anos, mulheres indígenas têm ocupado cada vez mais a liderança na luta por direitos. São 85 organizações de mulheres indígenas espalhadas pelo Brasil e mais sete organizações indígenas com departamentos de mulheres, os números são do Instituto Socioambiental. Elas se mobilizam para proteger e chamar a atenção do Poder Público para as pautas de seus povos. Ver mulheres juntas, lutando por seus direitos e contra a violência patriarcal, é o que a gente chama de feminismo. Mas será que é assim que as mulheres indígenas veem essa luta? Dá para falar em feminismo indígena? 

Para encontrar essa resposta, antes, é preciso lembrar que os povos indígenas são mais de 300 – um grupo heterogêneo, ou seja, têm diferentes culturas, línguas, costumes, origens e características. Pensar essas populações, sem reconhecer essa diversidade, é reproduzir um olhar colonizador e violento. E é justamente por isso que a ativista indígena Taily Terena discorda de um possível conceito de feminismo indígena. 

Para ela, essa definição teria de partir da ideia de que todas as mulheres indígenas estão inseridas em um mesmo contexto e lutam por pautas iguais, o que não é verdade. Ela é nascida em Brasília e pertence ao povo originário do Mato Grosso do Sul. “O que as mulheres do meu povo enfrentam,  talvez não seja a mesma realidade que as mulheres Yanomami estão passando”. 

No lugar de feminismo indígena, Taily Terena prefere o termo “Luta das Mulheres Indígenas” – conceito bastante difundido entre mulheres indígenas de diferentes culturas. As ativistas Val Munduruku e Myrian Krexu concordam com Taily, elas falaram sobre o assunto no vídeo do canal d’AzMina no Youtube.

Entre as principais reivindicações das Mulheres Indígenas está a demarcação de Terras. Val Munduruku, do município de Jacareacanga no Alto Tapajós, no Estado do Pará, afirma que ter o território garantido e protegido, é um direito dos povos de diferentes culturas e etnias, mas também uma medida de segurança para as mulheres. “Quando tem esse território invadido, as primeiras a sofrerem os impactos somos nós”, disse ela. 

Por causa da contaminação do solo e das mudanças climáticas, muitos homens indígenas se deslocam de suas terras para trabalhar em fazendas, explica Taily Terena, e é, então, a mulher indígena que assume o papel de guardiã do território. Essa mulher passa a ser responsável não só pela defesa de seus povos, mas também pelo funcionamento de toda a comunidade. 

Quer saber mais sobre a Luta das Mulheres Indígenas? Assista o vídeo em nosso canal no Youtube. 

Leia mais: Medo e abandono rondam defensoras ambientais (azmina.com.br)
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