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Como o esporte uniu mãe e filha: ‘Meu programa familiar é disputar um Mundial’

Elas foram a Budapeste participar de um campeonato, pela primeira vez na mesma delegação

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Foto: Arquivo Pessoal

Mayra Siqueira é conhecida repórter de campo da rádio CBN, mas sua relação com o esporte vai muito além da beira do gramado. Foi na natação que ela encontrou sua realização como atleta federada até os 18 anos e também nela que reencontrou a felicidade dez anos depois, quando descobriu a categoria “Master” de competições.

Agora, aos 31 anos, Mayra está indo para seu terceiro Mundial Master – campeonato que acontece na mesma Budapeste, que sediou o Mundial de Natação no último mês. Mas esse definitivamente não será “só mais um campeonato”. Será a primeira vez que ela terá como “companheira” de delegação sua própria mãe, Rosângela Siqueira, de 58 anos.

“Falem a verdade: quantos podem dizer que foram disputar um torneio mundial ao lado da mãe? Meu orgulho! Falo que nem coruja pra quem quiser ouvir: minha mãe vai ao Mundial Master de Natação disputar uma prova de três quilômetros, e tenho a honra de estar na torcida”, escreveu Mayra em seu Facebook.

A relação das duas não poderia ter outra definição senão a do clichê “tal mãe, tal filha” – que costuma ser mais usada com o substantivo masculino dos dois lados. Se Mayra aprendeu a gostar de esporte por causa da mãe, Rosângela descobriu a paixão e o prazer da natação por causa da filha.

“O esporte representa muito para nós e sempre esteve presente na vida da minha mãe. Acho que a grande mudança pra ela foi sair daquele ‘olhar de mãe’ que ela tinha de ‘que legal, minha filha competindo, nadando’, para perceber que ela poderia fazer parte disso. Que ela mesma poderia se realizar no esporte”, contou Mayra às dibradoras.

Rosangela se descobriu na natação em águas abertas e foi competir em Budapeste. Ficou em 41º lugar. Mas é claro que a posição é o de menos. Não é esse o resultado que importa, como o próprio esporte já ensinou para a família.

“Acho que o melhor que o esporte me trouxe foi a disciplina, as amizades, a perseverança e principalmente a resiliência. Aquele sentimento de você persistir, insistir quando parece que não vai dar certo, mas você persiste e a insistência te leva a chegar – talvez nao à perfeição, mas ao melhor que você poderia dar naquele momento. Essa sensação de dar melhor que poderia é algo que me move muito no esporte”, observou Mayra.

Mayra irá disputar sete provas – 50m e 100m livre, 50m borboleta, 200m medley e outros três revezamentos. Mas seu fôlego maior foi para torcer pela mãe nesta quinta-feira, na primeira prova que sua maior inspiração esportiva disputou em um Mundial.

“Minha mãe é apaixonadíssima por esportes, passou isso para mim. Eu tinha esse exemplo em casa. Eu comecei a ser louca por futebol por causa dela, porque a gente via jogo juntas. Você vê sua mãe na frente da TV torcendo que nem louca e passa a imitar. Com meus irmãos, não aconteceu. Aliás, os três homens da casa não gostam de esporte, mas nós duas somos viciadas.”

“Disputar junto com ela é sensacional, nunca esperei que isso fosse acontecer. A Poliana Okimoto (medalhista olímpica na maratona aquática) assinou uma touca para ela, ela achou o máximo. Meu programa familiar é disputar um campeonato, um Mundial, com a minha mãe. O sentimento é inexplicável. Meu pai está indo também para torcer pras duas.”

A filha conta que viu dona Rose começar a nadar há apenas três anos e foi evoluindo aos poucos. Ela não se dava muito bem na piscina, não sabia fazer a virada, então apostou nas águas abertas – o mar – para encontrar sua paixão.

Começou nadando 500 metros, depois foi para 800, passou para um quilômetro e chegou neste ano aos três quilômetros que foi disputar no Mundial. A prova dura mais de uma hora, nadando em pleno mar, sob as condições mais adversas possíveis. Mas Rosangela aprendeu com a natação que poderia ir muito além do que jamais teria imaginado.

“Ela tinha medo do mar, de encarar tempestade, de água fria. Hoje ela superou todas essas intempéries, superou um monte de coisa, perdeu peso. Virou uma pessoa muito mais positiva, muito mais feliz”, contou Mayra.

Mayra e dona Rose são a prova de que esporte não é nem coisa de homem, nem de mulher – é coisa de família, por que não?

 

* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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