É difícil encontrar alguém que esteja atento ao cenário político nacional e internacional e não tenha escutado falar de Erika Hilton (PSOL-SP). Seja pelos seus posicionamentos estratégicos no Congresso Nacional, ou por defender fielmente os direitos da população LGBTQIAPN+ em todos os espaços que ocupa.
Eleita deputada federal em 2022 com mais de 254 mil votos, pelo estado de São Paulo, Erika atua fortemente na defesa dos Direitos Humanos no Brasil. Ela dá voz aos grupos socialmente excluídos e apresenta uma agenda com projetos de lei que debatem cidades resilientes, enfrentamento às crises climáticas e uma política de trabalho digno para a população em situação de rua.
Sua trajetória enquanto co-deputada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (2018), vereadora mais votada do país (2020), e agora como deputada federal, é de construção de mandatos sedentos por diversidade, equidade e inclusão. Outra marca forte é a tentativa de aproximar a política da boca e da casa do povo.
Apesar de ser uma travesti negra e ativista, as pautas encabeçadas pela deputada nos mostram como é possível legislar para todas as pessoas. Sua atuação reafirma o compromisso para o qual foi eleita e demonstra a escolha acertada dos eleitores.
A invenção do “identitarismo” para desorganização
Para 2025, com grande influência da vitória presidencial de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, o bolsonarismo ganha – mais – fôlego nas pautas conservadoras que atravessam o cenário político brasileiro.
Nesse sentido, temas abordados pela deputada e colegas de profissão, como gênero, demarcação de terras e direitos das pessoas LGBTQIAPN+ seguem sendo alvos da extrema-direita. Um campo que tem, historicamente, focado no sucateamento do direito à dignidade das mulheres, povos indígenas, população LGBTQIAPN+ e pessoas negras.
Vemos que o termo “cortina de fumaça” tem sido reiterado, tanto pela esquerda quanto pela direita, quando se trata do que podemos chamar de marcadores sociais das diferenças. De maneira equivocada, são nomeados de “identitarismo” por ambos os setores. O que nos permite dizer que, politicamente, 2025 deve trazer uma divisão ainda maior, e a polarização se desdobrará sobre essas pautas.
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Fim da escala 6×1: a voz da classe trabalhadora
Recentemente, Erika protocolou na Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6×1 (seis dias de trabalho para 1 dia de folga). A discussão de uma jornada adequada para trabalhadoras e trabalhadores tomou conta do Brasil.
De um lado, uma classe que reivindica melhores condições de trabalho, com mais dignidade; do outro, grandes empresários tentando enfraquecer o debate. À frente de tudo isso, uma deputada comprometida com as ideias do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que é liderado pelo vereador recém-eleito Ricardo Azevedo (PSOL – RJ), ficou conhecido em agosto de 2023 e vem ganhando força.
A proposta recebeu amplo apoio nas redes sociais. Analistas políticos destacam como essa proposição pode tornar-se um passaporte para a reeleição do presidente Lula, em 2026, caso a PEC seja abraçada pelo governo.
Muito se questiona sobre as novas representações das esquerdas para os futuros processos eleitorais. Em decorrência da sua atuação no legislativo, Erika tem se mostrado uma grande e importante liderança política, com competência para ocupar espaços em cargos executivos e materializar essa renovação.
Seguindo os passos de Kátia Tapety
Considerada uma das primeiras lideranças políticas do Brasil, Kátia Tapety construiu um legado que hoje é parte da história do movimento de mulheres trans e travestis. Eleita a primeira travesti vereadora do país (em 1992, no município de Colônia, Piauí), fundou, ao lado de Jovanna Baby, o Movimento Piauiense de Assistência à Cidadania LGBTQIAPN+.
A ex-vereadora deu à população de Colônia a possibilidade de se aproximar da política com respeito. Basta assistir ao documentário “KÁTIA”, dirigido por Karla de Holanda, para compartilhar a mesma percepção.
Seguindo os passos de Kátia Tapety, Erika Hilton faz um exercício de cidadania ao mostrar à população brasileira que precisamos fazer política com coragem e que os direitos humanos são inegociáveis.