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Vício em vibrador: é de fato um risco ou estratégia para controlar o prazer das mulheres?

Mercado de bem-estar sexual se expande junto aos alertas sobre dependência e malefícios. Quais são os mitos e verdades? Especialistas respondem

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A variedade de cores, formatos e funções é enorme.  Eles sugam, tremem, vibram, prolongam o prazer e são uma grande aposta do mercado erótico, que deve lucrar até 62 bilhões de reais até 2030, com essa invenção que promete orgasmo a qualquer hora e lugar.  Mas junto a possibilidade de sentir prazer sem burocracia, veio também a polêmica: vibrador vicia? Tira a sensibilidade da vulva? Causa dependência emocional? AzMina escutou especialistas no assunto em busca dessas respostas. 

VIBRADOR VICIA? 

Não, os vibradores não viciam. Vício é algo que depende de fatores fisiológicos e psicológicos e o vibrador em si não pode causar isso. Só vira algo preocupante se você começar a deixar de trabalhar ou se envolver em compromissos importantes para usá-lo.  “Mas mesmo quando acontece isso, o descontrole está geralmente associado à busca pelo prazer causado pela masturbação e não ao vibro em si”, explica Michelle Sampaio, psicóloga especialista em sexualidade humana. 

O CORPO SE ACOSTUMA?

Pode acontecer.  Depois de um tempo de uso, pode ser que você se adapte às vibrações e precise de intensidades mais fortes para ter o mesmo resultado, mas isso não tem a ver com o brinquedo sexual, mas com a dinâmica repetitiva da masturbação. Por exemplo, pessoas que sempre estimulam o pênis do mesmo jeito com a mão podem sentir falta de prazer na penetração, por terem acostumado o corpo com o mesmo movimento. 

“Uma pessoa pode criar dependência em só gozar se estiver de barriga pra cima apertando o nariz, porque ela o tempo todo praticou esse estímulo, a mesma coisa com alguém que usa o vibrador”, explica a educadora sexual e usuária de vibros, Babi Ribeiro.  Para que o seu corpo não se acostume com o vibrador é importante explorar diferentes tipos e partes do corpo, sempre alternando os estímulos entre forte, fraco, superficial, profundo, no clitóris, na vulva, com a mão, com o corpo do parceiro, entre outros recursos que sejam prazerosos. 

DEIXA A RELAÇÃO SEM GRAÇA?

Pelo contrário. Muitas mulheres, quando começam a usar o vibrador, descobrem que conseguem chegar ao orgasmos de um jeito mais fácil, diferente do que acontece quando se relacionam sexualmente com as suas parcerias. Por causa disso, ele pode ser visto como um vilão dos relacionamentos, mas, na verdade, só evidencia uma necessidade que estava sendo negligenciada.  “Eu tenho diversos casais em terapia que são casados assim há mais de 15 anos e que estão começando a falar de sexo agora”, conta Michelle Sampaio. O segredo é usar o vibro como fonte de prazer, mas também como um exercício de autoconhecimento. Com disposição e abertura, a relação pode ficar bem mais satisfatória com os vibros. 

TIRA A SENSIBILIDADE?

Não. Só perde a sensibilidade da vulva e do canal vaginal, caso os nervos dessas regiões sejam lesionados e isso não acontece com o uso rotineiro do vibrador. O que pode acontecer, sim, é uma diminuição da sensibilidade, mas só se você usar todo dia, no mesmo lugar e do mesmo jeito. Mesmo assim é uma reação temporária que, dependendo do caso, vai passar em alguns minutos, horas ou dias. Para voltar tudo ao normal, é só focar nas outras partes do seu corpo e explorar outros jeitos de sentir prazer. 

Leia mais: A história de como o vibrador virou artigo sexual

VIBRADOR FAZ MAL?

Não, além de não fazerem mal, eles podem ser usados no tratamento de algumas doenças, como a vuldovina e o vaginismo, condições que geram bastante dor e desconforto durante as relações sexuais. Ele é usado para soltar pontos de tensão da vulva e do canal vaginal e dessensibiliza algumas áreas, o que traz alívio. “Melhora a consciência dessa musculatura, a circulação, a hidratação no tecido, traz relaxamento só tem benefício”, diz a fisioterapeuta pélvica Laura Della Negra, que usa a tecnologia em suas consultas. 

DICAS PARA QUEM QUER COMEÇAR

As especialistas ouvidas pela AzMina deixam como principal conselho não ter medo. Ultrapassada essa barreira, vem a dúvida: qual escolher? Uma boa aposta são os modelos “bullet”, que são pequenos e focados na vulva e clítoris, caprichar no lubrificante, que deixa a experiência mais interessante, e ir para cama sem culpa. 

“Vibradores assustam demais uma sociedade que não quer mulheres gozando, ao ponto de criarem histórias mirabolantes sobre vício e dependência. Na verdade, você vai entrar em um mundo de bem-estar sexual e levar de brinde maravilhosos orgasmos”, finaliza Babi Ribeiro, usuária dos brinquedos há 6 anos. 

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