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As 11 séries mais feministas de 2016

De Eleven de "Stranger Things" à trans Maura de "Transparent" todas as mulheres poderosas que cruzaram nossas telas - e algumas séries pra você descobrir

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Happy Valley: a série britânica que lançou sua segunda temporada esse ano foi a melhor descoberta de 2016.

Olha, para nós, viciadas em séries, 2016 também não foi aqueeele primor. Principalmente porque estamos falando de séries com protagonistas mulheres, fortes, com objetivo maior do que encontrar um homem, mulheres de etnias e corpos diversos e não heteronormativas.

Isso devia ser o normal, mas não é.

E no quesito lançamentos, o ano mandou bem mal – mas 2015 tinha levantado o nível, confesso. O que salvou foram as novas temporadas de algumas das melhores séries com mulheres incríveis que existem – e eu ainda dei a sorte de descobrir várias delas só este ano!

Então aqui vai a minha lista das “séries mais empoderadas” de 2016.

Estreias

The Crown

A caríssima produção do Netflix conta a história real da rainha Elizabeth II a partir do seu casamento. Além da produção impecável, a série tem um roteiro maravilhoso. E é muito legal ver a evolução da protagonista, em uma época e ambiente em que o machismo reinava – desculpem o trocadilho. No primeiro episódio, Elizabeth faz questão de que o padre diga, na cerimônia de casamento, que ela deve obedecer ao marido. Conforme o tempo passa, porém, ela evolui e encara todo o machismo da corte e muda também sua visão sobre o casamento.  

The Get Down

Aviso: quem escreve aqui é uma fã de musicais. É bom saber disso, porque “The Get Dow” é um musical daqueles que a história para toda hora pra galera cantar – o que irrita muita gente. Dito isso, a série do diretor de Moulin Rouge fala sobre o nascimento do hip hop e da disco music no Bronx, um bairro pobre em Nova York.

Pra bem da verdade, não é uma série super feminista. O protagonismo é mais masculino, mas a personagem Mylene também é bem importante. Ela tem vontades próprias e muita coragem para correr atrás do sonho e enfrentar o pai religioso. A série ganha pontos também por apostar em personagens negros e latinos e abordar diversidade sexual.

Chewing Gum

Irreverência e um toque de nonsense dão o tom da série que conta a história de Tracey, uma garota de família religiosa que quer perder a virgindade. A criadora e protagonista da série, Michaela Coel, acerta ao criar uma narrativa centrada em uma jovem negra periférica que, mais do que transar, está tentando se entender e descobrir quem é. Em meio a situações bem constrangedoras, ela aborda o extremismo religioso, relacionamento interracial e vários outros temas. Além da protagonista, a série traz várias personagens secundárias maravilhosas, humanizadas e, claro, hilárias.

Stranger Things

Vai, eu estou na dúvida se ela merece estar aqui. Mas não resisti a vontade de ter Eleven nessa lista. A série do Netflix é uma bela sopa de cultura pop e referências dos anos 80 em um mix de suspense e ficção científica. Ela conta a história de uma cidade que se mobiliza para encontrar um garoto de 12 anos desaparecido. Tem experimento científico de grandes organizações, tem monstro, tem universo paralelo… E tem Eleven, uma garota misteriosa com super poderes que bota pra quebrar.

Insecure

Issa Rae ganhou visibilidade inicialmente com a web série Ackward Black Girl e este ano passou a protagonizar essa novidade da HBO. Em Insecure, ela é uma jovem que trabalha em uma ONG de apoio a crianças periféricas e é a única negra ali. Sempre ao seu lado está sua amiga Molly, uma advogada de sucesso que vive tentando conseguir um amor. Apesar de parecer a princípio uma série sobre duas mulheres buscando romance, na verdade Insecure é muito mais. É sobre ser minoria e pertencimento.

Novas temporadas

The Fall –  3ª temporada

“Mulher fode homem. Mulher, sujeito. Homem, objeto. Isso não é tão confortável para você, né?”

Eu dei a sorte de só descobrir essa série anglo-irlandesa este ano e pude ver as três temporadas numa tacada só. Ela gira em torno de dois personagens principais: a detetive Stella Gibson e o terapeuta/psicopata Paul Spector. Ele invade a casa de mulheres, rouba peças íntimas e as mata, montando toda uma cena depois. Ela é responsável por investigar a série de crimes e é uma mulher MARAVILHOSA que, o tempo todo, solta alguma pérola sobre o machismo que a cerca.

Dá vontade de anotar suas falas e sair usando as citações no dia a dia!

Orange is The New Black –  4ª temporada

Representatividade sempre será a palavra quando falamos dessa série. Não importa sua etnia, cor de pele, tipo físico, orientação sexual, cis ou transgeneridade, alguma personagem ali vai te representar. Para quem não conhece, OITNB conta a história de Piper, uma moça branca de classe-média que vai presa. Mas na verdade, depois de um certo ponto, Piper passa a ser o menos importante da série, porque as demais personagens são simplesmente demais.  A quarta temporada demora um pouco mais que as outras para engatar, mas retrata com primor o problema  da privatização do sistema carcerário nos Estados Unidos (será que vamos ver isso por aqui em breve?), sem nunca perder o humor. Não vou dar spoiler, mas lágrimas vão rolar!

Orphan Black – 4ª temporada

Mais uma que eu descobri esse ano e pude devorar. Orphan Black é uma ficção científica que acompanha a história de Sarah e suas irmãs. Elas descobrem que são clones e precisam enfrentar uma organização super antiética e cruel para descobrir a verdade sobre sua origem e também salvar suas vidas. Às vezes a história se perde e fica confusa, mas é sempre divertida e emocionante. E pra deixar todo o machismo de lado, a maioria das personagens são mulheres fortes e seus dramas têm muito pouco a ver com romance. Fora que tem romance lésbico, tem personagem trans, tem tudo! E uma das melhores partes é a interpretação da atriz canadense Tatiana Maslany, que faz TODAS AS CLONES. Ela dá vida a mais de cinco personagens e consegue fazer uma completamente diferente da outra com primor. Tanto que, finalmente, levou o Emmy esse ano!

Happy Valley – 2ª temporada

Sem dúvida, a descoberta do ano. Cheguei a ela pela dica de um colega roteirista e, que dica! A produção é centrada em Catherine, uma policial de 47 anos, divorciada que mora com a irmã e cria o neto. Mais uma vez, uma série centrada na relação entre uma policial e um criminoso, mas dessa vez, o caso é pessoal: a história começa quando o homem que estuprou a filha de Catherine (que se matou por ter engravidado do abuso) sai da cadeia.

Paralelamente, uma jovem rica é sequestrada e Catherine, obcecada com o estuprador de sua filha, é quem investiga o caso. A história toda se passa, ironicamente, numa cidade chamada Happy Valley, tomada pelas drogas. Além da premissa fortíssima, a série tem personagens super complexos, cada um encarando seus próprios demônios, e aquele tom cinzento, que transita entre o humor e o drama com suavidade, que só as séries britânicas sabem ter. A produção é um hit lá na terra da rainha e devia virar por aqui também!

Transparent – 3ª temporada 

A produção original da Amazon (que agora pode ser assinada no Brasil!) acompanha a vida de uma família judaica a partir do momento em que Maura, antigamente vista como o pai, assume ser uma mulher trans. A partir disso, as temporadas se desenrolam nas questões existenciais de cada um dos membros do grupo e, claro, as questões das pessoas trans e preconceitos que enfrentam, tudo com um toque de humor. Na temporada deste ano, além de uma inovação estilística bem interessante, a série tenta responder às acusações de ignorar o fator raça em sua narrativa.

Estreou hoje

Sense8 – Especial de Natal

Na verdade, é um especial de fim de ano da série. Criação das irmãs Wachowski, Sense8 teve sua primeira temporada em 2015 com a história de oito pessoas de diferentes lugares do mundo que têm uma ligação muito forte. Mas assim, forte no nível de conseguirem entrar na mente umas das outras e passar para elas suas habilidades em artes marciais, por exemplo (ou de fazerem uma orgia todos juntos, mesmo estando cada um em um canto do planeta).

Com personagens trans, gays, lésbicas, héteros, negros, brancos, orientais, latinos, cis, europeus, africanos, a série manda bem na diversidade e até aborda alguns temas políticos, principalmente com a luta por aceitação da personagem trans Nomi. Em 2017 estreia a segunda temporada, mas com o especial já dá pra ir matando a saudade das personagens.

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