Por muito tempo a literatura erótica era associada a autores homens, que na maioria das vezes construíam narrativas de mulheres submissas, ingênuas e interesseiras. Já os personagens masculinos eram descritos como poderosos, ricos e sedutores. Mas, e quando a literatura erótica é feminista? De que maneira essa configuração de gênero é representada?
Quando mulheres feministas escrevem, as personagens ganham personalidade, opinião e atitude. Elas falam abertamente sobre sexo, consentimento, autonomia e abuso, redefinindo a literatura erótica. Representadas de forma mais independente e com confiança para explorar seus corpos e desejos, elas compartilham com suas parcerias o que lhes dá prazer.
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Preparamos uma lista de livros da literatura erótica feminista, que constrói histórias mais representativas que ilustram a pluralidade da identidade feminina. Mostrando que a literatura erótica não é só de um jeito, é possível ler sobre as mulheres muito além da passividade.
Puro Êxtase, Josy Stoque
A obra de estreia da autora no gênero, Puro Êxtase, foi publicada de forma independente e em formato de ebook na Amazon. Foi um sucesso estrondoso e rendeu a Josy um contrato com a editora Astral Cultural. Divorciada, a personagem Sara junta os pedaços e se reinventa. Resgata os amigos esquecidos, investe na carreira, e toma coragem para fazer todas as possibilidades de prazer se tornarem reais.
Eu Nunca, Josy Stoque
Entre os livros mais vendidos de Josy Stoque estão o “Eu Nunca”, em parceria com Mila Wander, ela conta a história de uma mulher bissexual e livre que decide se envolver com um homem virgem e religioso. Eles fazem uma viagem juntos, estipulam regras, mas acabam quebrando todas.
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Eduardo Fernando e eu, Josy Stoque
Esse trio está diferente, com dois homens e uma mulher, Josy rompe com a literatura clássica de trisal. Uma jovem viúva vê a chance de recomeçar sua vida, disposta a conhecer mais sobre si mesma e os novos desejos de seu corpo, cruza com dois homens no seu caminho de autodescoberta.
Ninguém aguenta mais CEO, Mila Wander
Mila conta a história de uma mulher que diz “não” para o milionário da empresa e mostra uma personagem que sabe e escolhe o que quer. Além de satirizar a ideia de que mulheres sempre estão caindo aos pés de “homens com poder”, os quais geralmente são insuportáveis e até violentos. Contra a estratégia do mercado, Mila chama a atenção do público para outras possibilidades de retratar as mulheres na literatura erótica.
Um olhar para a liberdade, Shirlei Ramos
O livro conta a história de Beatriz, uma mulher que sai de um relacionamento abusivo de nove anos com um cara mais velho e consegue virar a dona da própria vida, realizando o sonho de ser estilista e redescobrindo outras possibilidades de relações amorosas.
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Estado de libido, Carmen Faustino
Em uma sociedade racista, é ousadia uma mulher negra falar de prazer. Carmen Faustino nos convida a percorrer, nessa obra ilustrada por Isabela Alves, o quão revolucionário é uma mulher negra explorar todos os seus sentidos: olfato, paladar, tato, visão e audição. Em um tipo de escrita contra-hegemônica, ela permite a cura interna e o (re)encontro consigo mesma.
Emma e o sexo, Ilana Eleá
A antropóloga Emma vem ao Brasil observar o comportamento erótico de mulheres que se autodenominam empoderadas sexualmente. Ela acompanha como elas exploram seus desejos e fantasias sexuais, até que ela mesma se identifica com sua investigação e se permite viver uma nova experiência.
Rio Profano, Lua Menezes
A personagem Mel entrega-se de corpo inteiro a paixões e seus prazeres. Em uma jornada de autoconhecimento, ela busca sua própria essência, abrindo espaço para se conhecer e explorar sua sexualidade.
Digo te amo para todos que me fodem bem, Seane Melo
A escritora maranhense Seane Melo explora outras representatividades da mulher na literatura erótica, e apresenta a personagem Vanessa, uma jovem de 27 anos que não possui nenhum desejo fora do normal. Vanessa quer transar e, se possível, bem. Ela descreve uma mulher desejante, mas não sempre disponível, tirando o sexo de um lugar idealizado.
Apimentados, Makeda Santos
Apimentados é um livro de contos eróticos escrito por uma mulher nordestina, negra e feminista com pseudônimo de Makeda Santos. Exalta e propaga as potencialidades do feminino, das mulheres negras e dos territórios além do eixo Rio-São Paulo. Seu livro fala de sexo com alegria, sem culpa e moralismos.
Delta de Vênus, Anais Nin
Oficialmente escritos no início da década de 40 os contos descritos em Delta de Vênus se passam num mundo europeu-aristocrático decadente, no qual as crenças de alguns personagens são corrompidas por novas experiências sexuais e emocionais.
Escola de contos eróticos para viúvas, Balli Kaur Jaswal
A personagem indiana Nikki dá aulas de escrita criativa à viúvas e acaba embarcando em uma jornada com elas, contando e escrevendo histórias eróticas. Elas reconstroem sua sexualidade e se abrem a possibilidade de ter prazer.
Tudo o que eu pensei mas não falei na noite passada, Anna P.
Sexo domina todo o livro de Anna P. (pseudônimo de uma grande estreante da ficção brasileira contemporânea). Ela fala de sexo do ponto de vista feminino, em um nível de detalhe, clareza, materialidade e completude poucas vezes visto.
Atualizações
- 9 de janeiro de 2024 12:55
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Lista de livros atualizada com inserção das últimas 7 obras