Dona de uma escrita incômoda e característica, Hilda Hilst (1930-2004) figura hoje no rol das maiores escritoras brasileiras – mas teve quase nenhum reconhecimento em vida. Hilst foi autora de uma extensa obra de prosa, poesia e peças de teatro, além de ser desenhista.
O seu maior pesadelo era não ser lida. Desprezada pelas grandes editoras e pouco conhecida do público, Hilst reclamava que era uma pessoa da qual as pessoas falavam, mas cujos livros não eram lidos.
A imagem de uma mulher “meio louca, eremita, arredia, indomesticável” tentou reduzi-la a rótulos e acabou por dificultar o acesso à sua obra, segundo o escritor Victor Heringer no posfácio da coletânea da obra de Hilda Hilst reeditada pela Companhia das Letras em 2017.
“Eu perguntava pro Anatol Rosenfeld, de quem eu gostava muito: ‘Por que as pessoas acham que eu escrevo para os eruditos? Eu falo tão claro. Eu falo até sobre a bunda’. E ele me respondia: ‘Mas tua bunda é terrivelmente intelectual, Hilda’. Eu ficava desesperada”, disse em uma entrevista de 1977.
Mas por que o mercado editorial e os leitores deixaram de lado uma autora com tanto para oferecer? A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) elegeu Hilda Hilst como homenageada da edição de 2018, o que junto à reedição de sua obra deve trazer nova luz à obra da poeta.
Na coletiva de imprensa que revelou Hilst como homenageada, a curadora da Flip 2018 Josélia Aguiar tentou explicar o porquê a escritora foi tão incompreendida em seu tempo. Em quadrinhos, contamos a explicação da curadora: