Nos atlas de ciência e medicina, o clitóris aparecia numa edição e sumia das páginas décadas depois. Em seguida, redescobriam esse órgão exclusivo para o prazer no corpo feminino, mas não iam muito à fundo – literalmente. A descoberta do clitóris em sua anatomia completa, com bulbos, pilares e glande, devemos à urologista australiana Helen O’Connell. Ela o descreveu há pouco mais de 20 anos, mas até hoje, tem muita gente que não o conhece, que nunca o tocou, e nem sabe direito como funciona.
A ciência dominada por homens durante muito tempo favorecia uma elite masculina e branca. O foco do sexo era a reprodução e a penetração – tendo o pênis como ator principal. Com isso, surgiram vários mitos que até hoje ouvimos por aí: homem precisa mais de sexo, toques e oral são preliminares, mulher não gosta de sexo… E a verdade é que ninguém gosta de sexo ruim!
A partir de concepções morais e religiosas, criou-se a ideia de que a mulher não tinha tesão e desejo sexual. Até mesmo essa história que inventaram de que existe o orgasmo vaginal e o clitoriano, tinha o propósito de deixar o clitóris como um mero coadjuvante sexual, quando ele é simplesmente o órgão do prazer feminino.
As pesquisas sobre gozos
Já parou para pensar como são feitas as pesquisas sobre sexualidade humana? Na década de 60, William Masters e Virginia Johnsons investigavam as respostas fisiológicas e anatômicas masculina e feminina observando casais transando. Hoje isso não é permitido, mas outras ferramentas são utilizadas para entender a excitação e o prazer.
Clitóris, orgasmo, sexualidade, estudos científicos, história e descobertas… Tratamos disso tudo no quinto episódio da série do podcast Corpo Especulado – a conflituosa relação entre ciência e corpo feminino. Esse é o penúltimo episódio, e na semana que vem, quarta-feira, dia 14/9, vamos falar de beleza e cirurgias plásticas. Se inscreva no canal para não perder nenhum deles. Vem maratonar e entender como a ciência trouxe até aqui os nossos corpos e o que fazer com isso!
Você pode conferir a transcrição e audiodescrição do quinto episódio aqui.
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Entrevistadas desse episódio:
Florence Poznanski – cientista política que imprimiu o clitóris 3D
Margareth Rago – historiadora, pesquisadora feminista, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Mariana Carrito – investigadora doutoranda da Universidade do Porto, em Portugal, e integrante do SexLab
Alexandra Pereira – mestre em Psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro com pesquisa sobre a sexualidade feminina
Referências:
Vídeo O clitóris no carnaval de Belo Horizonte
O Relatório Rite
Reportagem com Helen O’Connell
Artigo Alexandra Pereira: A experiência do orgasmo na literatura
SexLab – grupo de estudos em sexualidade humana de Portugal
Artigo Margareth Rago: Os mistérios do corpo feminino
Veja mais em:
Filme A Arte de Amar : A história da sexóloga Michalina Wislocka além da romantização do filme:
TEDX Helen O’Connell: https://www.youtube.com/watch?v=JMRZF0Eq3vQ
Documentário as Águas Sagradas (ejaculação feminina) em Ruanda: https://www.amazon.com/Sacred-Water-Vestine-Dusabe/dp/B08DNR92RX
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EXPEDIENTE
A série Corpo especulado é uma parceria entre a revista AzMina e o podcast 37 Graus, produzida com o apoio do Instituto Serrapilheira. Esse episódio foi apresentado por Sarah Azoubel e Joana Suarez. A produção é de Joana Suarez. A equipe de pesquisa, produção e roteiro dessa série também conta com Helena Bertho, Marília Moreira e Bia Guimarães. A edição de som é de Bia Guimarães, a trilha sonora é de Marianna Romano, e as artes de capa são de Bárbara Miranda e Giulia Santos. A transcrição é de Renata Zioli Dias.