Por Carolina Ellmann
Ilustração Anna Charlie
D urante uma aula de Comunicação Alternativa, no curso de Jornalismo, surgiu a ideia de criar um projeto contra o hegemônico, alguma coisa que fosse diferente de uma revista ou de um blog. Várias pessoas que conheço – inclusive eu mesma – estavam passando por uma série de situações e problemas relacionados a doenças e transtornos psiquiátricos. Estava aí, diante de nós, o tema do projeto – e um assunto mais que urgente a ser tratado.
Observei, ao longo do tempo, que a grande maioria das matérias publicadas nos principais veículos de comunicação da grande mídia sobre o assunto era pautada por estudos científicos, números, estatísticas e casos pontuais, denotando uma grande frieza e distanciamento com relação ao problema enfrentado por essas pessoas.
Não havia compreensão ou uma pesquisa mais aprofundada sobre o assunto. Com isso em vista, decidi criar uma página para tratar do tema, construída com a sensibilidade da qual eu mesma sentia falta. Sem fazer uso de números e estatísticas, tentando uma maior aproximação e um compartilhamento de experiências entre quem sofre com doenças psiquiátricas. A ideia é mostrar que essas pessoas são muito mais que um simples diagnóstico.
Pensei em criar e dar forma a uma página no Facebook. O objetivo é divulgá-la para o maior número de mulheres possível, para que mais e mais delas possam receber, promover e compartilhar o amor e o carinho existentes entre quem está passando por essa condição.
Convidamos a todas as mulheres, de todas as idades e de todos os lugares a participarem desse projeto, que é de todas nós e para todas nós. Mandem textos, cartas, ilustrações, questões, enfim, tudo o que sentirem vontade de compartilhar. Afinal, quanto mais amor, compaixão e experiências conseguirmos dividir umas com as outras, melhor.
De que forma vamos fazer isso? Recebendo as histórias lindas, selecionando-as e distribuindo cartas, poemas e ilustrações (como essa aí em cima) que sejam acessíveis para todas. As postagens e as ilustrações serão custeadas pela página e todas as demais pessoas interessadas em ajudar o projeto.
Uma das primeiras a conhecer a iniciativa, Maria Fernanda acha que o projeto vai ajudar muito as mulheres que passam por todo tipo de dificuldade relacionada aos transtornos psiquiátricos: “Achei incrível a ideia de mostrar para mulheres que sofrem algum tipo de ‘transtorno’ que elas não estão sozinhas. Um projeto que chama mulheres e as mostram que as doenças mentais acontecem, existem, doem, mas que têm saída!”
Além das mulheres que sofrem na pele, ela também observa que o público como um todo se beneficiará: “O projeto vai informar as pessoas em geral sobre essas doenças que a sociedade muitas vezes tenta esconder.”.
A estudante acredita ainda que a ideia da troca de cartas, no contexto em que vivemos atualmente, é muito importante: “Não temos tempo para nada, tratamos pessoas com frieza, às relações interpessoais são tão frágeis, tão láquidas… O fato de receber uma carta, de ler, de ter tempo, enfim, desse processo de aproximaçã émuito importante e original.”
Quem quiser saber mais, basta acessar a página do Flores e Histeria no Facebook. Temos também um e-mail, para onde podem ser mandados textos e ilustrações para serem publicados na página, além de dúvidas, questões e etc.: floresehisteria@gmail.com. Vem com a gente fazer parte desta corrente de amor!