

E scolher comprar seus ovos de Páscoa de uma artesã ao invés de uma grande marca industrial é muito mais do que uma opção individual de qualidade e preço: significa optar por ajudar mulheres empreendedoras com seus negócios e colaborar com o sustento de algumas famílias. Seja para pagar a faculdade, lidar com o desemprego, pagar as contas, buscar uma nova profissão ou trabalhar mais perto dos filhos, centenas de mulheres Brasil afora se dedicam à produção de doces e chocolates e têm na Páscoa seu maior momento comercial do ano.
A confeiteira Suzete Coke, 52 anos, trabalha com chocolates, doces e bolos há cerca de 20 anos. O negócio que começou como alternativa para trabalhar de casa e se manter perto das filhas, hoje é uma empresa com local próprio, funcionários e equipamentos. “A venda de chocolates na páscoa é muito importante, pois com o lucro dessa época do ano, eu posso investir em novas ferramentas e cursos de reciclagem”, conta ela.
Já para Aline Cristina de Souza, 30 anos, a Páscoa vai ser o momento de conseguir rentabilizar seu negócio de brigadeiros. Ela trabalhava em uma grande empresa, mas foi demitida no ano passado e foi na venda de brigadeiros gourmet que encontrou uma alternativa para o desemprego.

Criando uma rede de sustentabilidade
Comprar dessas mulheres significa muito mais que ajudar pessoas isoladas. Segundo Camila Conti, do site Maternativa, que reúne mais de quatro mil mães empreendedoras de todo o país, é grande o número de mulheres que trabalham com doces no restante do ano e que migram para a produção de chocolates nesta época. “Paralelamente a isso, movimenta-se um grupo que desenvolve e produz embalagens, atrelado a outro que faz transporte. Quanto mais fortalecida uma rede de pequenos empreendedores, mais sustentabilidade é promovida por esse ciclo, porque o dinheiro passa a ser distribuído entre empresas menores e não apenas entre as grandes. Mulheres que começam a ter sucesso em seus empreendimentos investem seu dinheiro em educação, na comunidade, na sociedade. É fundamental apoiarmos esse tipo de empreendedorismo porque ele gera um impacto social real”.
Cada vez mais as pessoas preocupam-se com a origem do que estão consumindo e para onde vai seu dinheiro.
Para ter dimensão do impacto que isso poderia causar, basta saber que o Brasil é o terceiro país que mais consome chocolate no mundo – atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos – segundo dados da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados). Ano passado, 350 mil toneladas foram consumidas no ano todo, sendo que aproximadamente 20 mil toneladas foram produzidas especialmente em função da Páscoa. E esses dados representam apenas a grande indústria. Imagine o impacto que uma parcela desses números teria nos negócios locais?
Mas se você quer mais motivos para fazer a escolha artesanal, a qualidade dos chocolates também ajuda. Todas as produtoras entrevistadas destacam a escolha por produtos de qualidade para a produção dos ovos e também o investimento em criação de sabores exclusivos e diferentes, como ovos recheados ou de colher. A ex-professora Paula Taques, 36 anos, por exemplo, gosta de destacar que alguns dos seus ovos têm receitas exclusivas, criadas por ela e os preços ainda convencem, com valores que começam nos R$ 5. Ela trabalha com chocolates há três anos, desde que teve de largar tudo para ajudar seu marido, que foi diagnosticado com câncer.
As amigas Gabriela Toledo, Monique Duarte e Daniela de Castro também reforçam isso. Elas uniram o desejo de criar uma carreira com chocolates, à vontade de encontrar alternativas aos produtos industrializados. “Decidimos começar porque a gente queria fazer um produto com qualidade e preço justo para que as pessoas tivessem uma alternativa ao industrializado”.
Agora confira os contatos de algumas artesãs nesta lista e ajude a deixá-la mais completa com os contatos de quem você conhece!
