De Washington, D.C.
Pequenos protestos pipocaram nas ruas da capital americana enquanto Donald Trump assumia a presidência mais polêmica da história em Washington, D.C. Depois de uma campanha recheada de comentários machistas e escândalos sexuais, foram as mulheres quem lideraram as ruas para manifestar sua insatisfação contra o 45º líder dos Estados Unidos.
“Enquanto mãe, minha principal missão é garantir que minhas filhas saibam usar sua voz para expressar-se politicamente”, afirmou à AzMina uma senhora americana que trouxe as duas filhas adolescentes ao protesto. “Este é um momento ameaçador, mas elas precisam entender que pode ser, também, um momento de empoderamento”.
Gritos de “Bucetas atacam de volta” (Pussies grab back) respondiam a comentários polêmicos de Trump enquanto candidato, como “Mulheres se agarra pela buceta” e “Quando você é uma estrela, elas deixam você fazer tudo”. Homens participavam também dos protestos, em apoio às mulheres, engrossando o coro e dando assistência.
Amanhã, a movimentação feminina terá seu ápice quando ao menos 200 mil mulheres – alguns estimam que o número talvez chegue a um milhão – são esperadas para se juntar à Marcha das Mulheres, que exigirá do novo presidente respeito aos direitos já conquistados, como o aborto que é legalizado nos EUA, e a minorias LGBT, latinas e negras.
Protestos de apoio devem ocorrer em todo o território nacional, além do exterior.
No mapa abaixo, divulgado pelo jornal The New York Times, pode-se ver a distribuição das manifestações.
“A polícia de Washington tenta o que pode para conter a multidão de mulheres que demonstrará sua força de resistência – há regras sobre onde poderão estar e o que poderão fazer. Enganam-se, pois bastará a multidão junta e simplesmente marchando”, afirma a antropóloga Débora Diniz, colunista da Revista AzMina e ativista pelo direito ao aborto, uma das principais demandas das manifestantes.
Outro lado
Dentro da área reservada para fãs do novo presidente, a massa era predominantemente de homens brancos e famílias pobres. Era fácil visualizar um dos eleitorados mais controversos do presidente: as mulheres brancas e sem ensino superior. No caso dos Estados Unidos e seu sistema universitário de alto custo, mulheres sem escolaridade são, também, das classes mais pobres. Por que? Ruy Braga, sociólogo, pesquisador da área da sociologia do trabalho, e professor da USP explica que o voto se deu por uma afinidade com sua plataforma econômica.
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“As mulheres trabalhadoras brancas sem ensino superior sofrem mais com essa crise do emprego e com essa crise de perspectiva sócio-ocupacional”, afirma ele. “Fala-se muito da retomada da economia americana, mas essa retomada é muito desigual. Você tem amplos setores norte americanos praticamente abandonados, que ficaram de fora dessa retomada bastante frágil e concentrada regionalmente.”
Confira imagens dos protestos de mulheres
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