Já fez a experiência de pesquisar “filmes + lésbicas” no Google? Os primeiros resultados são todos ofertas de produções pornôs direcionadas a homens heterossexuais. Ainda são poucas as histórias em que lésbicas são representadas em enredos de amor, luta e resistência. E mais raros são os que colocam lésbicas fora do papel da mulher confusa com a sua sexualidade. Mas aos poucos essas produções estão aparecendo – pelo menos no catálogo da Netflix.
Coincidência ou não, uma das principais estreias da Netflix em setembro é Carol, uma sensível história de amor brilhantemente protagonizada por Cate Blanchett e Rooney Mara. Mas queremos mais. Ao fazer pesquisa por produções com temática LGBT no catálogo do serviço de streaming, o que se vê ainda é uma predominância de produções focadas em histórias de homens brancos (#FicaADica #FicaACrítica).
No Dia da Visibilidade Lésbica, fizemos uma lista de filmes e séries em que as lésbicas são representadas como mulheres orgulhosas de sua sexualidade. Clique no nome dos filmes para adicioná-los à sua lista na Netflix:
Carol
Esse longa que entra no catálogo da Netflix no dia 1 de setembro é soberbo, tanto no enredo quanto no visual. A história de amor ambientada nos anos 1950 entre uma mulher rica bem casada e uma jovem vendedora de loja de departamento é repleta de sutilezas. O enredo se desenrola sem pressa, entre olhares e toques, até o momento em que a paixão não pode mais ser escondida.
Orphan Black
Vai ter sapatão também em série de ficção científica (e com clones!). O enredo trata questões de sexualidade de forma inovadora para produções de TV ao retratar esse aspecto da vida da personagem como mais uma de suas características, sem ser esse o ponto que a define. Tudo isso com a genial atuação de Tatiana Maslany, que interpreta literalmente mais da metade do elenco.
Everything Sucks
[Contém spoiler!] Essa adorável série de high school, com todas as melhores referências dos anos 90, conta de forma sensível a trajetória de descoberta e aceitação de Kate, uma adolescente lésbica. Ela, da turma dos nerds do audiovisual da escola, se apaixona pela mina da galera dos populares do curso de teatro. Infelizmente, a série foi cancelada após a primeira temporada.
Duck Butter
Esse filme é descrito como uma comédia experimental, mas de comédia tem pouco e de experimental tem bastante. Daqueles que ou se ama ou odeia, sem meio termo. A premissa é bem atraente. Duas jovens passam 24 horas juntas, transando de hora em hora, para se conhecerem da forma mais intensa possível. Sem censura, retrata o sexo lésbico e o corpo feminino de forma realista, sem glamour.
Nanette
Nunca antes na história do stand-up um espetáculo causou tanto frisson como este de Hannah Gadsby. Mas nem nessa categoria dá para enquadrar esse show. A comediante expõe suas fragilidades a ponto de levar o público às lágrimas quando conta sobre seu processo de se assumir lésbica em um lugar (Tasmânia) onde a homossexualidade foi crime até 1997.
Flores Raras
Não se vê todo dia no cinema brasileiro uma história de amor de casais homossexuais. Quanto mais uma que retrata um triângulo amoroso entre mulheres. É o que faz esse filme baseado no romance real entre a poetisa Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta Lota de Macedo Soares (Glória Pires), que até então vivia com a sua companheira Mary.
Amor por Direito
Esse longa baseado em fatos reais imita a realidade duplamente. Ellen Page, atriz assumidamente lésbica que já confrontou até Jair Bolsonaro, vive a companheira da personagem de Julianne Moore, uma policial que descobre um câncer terminal e luta para que a corporação dê a sua esposa os mesmos benefícios que concede às viúvas de seus colegas de trabalho.
Minhas Mães e Meu Pai
Esse é um filme sobre uma família nada ortodoxa, formada por um casal de mulheres vividas por Julianne Moore e Annette Bening, mas que tem problemas comuns a qualquer família. Os desentendimentos começam quando os filhos, concebidos a partir de inseminação artificial do mesmo doador, querem conhecer o pai biológico. Tudo isso ao som de uma ótima trilha sonora.
Orange is the New Black
Essa série é uma verdadeira banana para os padrões heteronormativos vigentes. Sem maniqueísmos, o enredo vai mostrando como cada mulher foi parar na prisão e como sobrevive neste ambiente. Isso com todas as tensões possíveis: raciais, de gênero e também de orientação sexual. Sem medo de mostrar relações lésbicas e bissexuais (que geralmente são criadas em enredos para o deleite masculino).
Margarita com Canudinho
O filme tem olhar e linguagem bastante delicados sobre a sexualidade da protagonista, uma jovem que sofreu paralisia cerebral. Ao se mudar de Deli para Nova York, se apaixona por uma colega de classe paquistanesa. Com ótima interpretação de Kalki Koechlin, o drama não cai na tentação do pieguismo.
Sense 8
A série sobre o grupo de oito estranhos que começam a compartilhar sensações como se fossem um único ser tem um casal lésbico formado por uma mulher transexual (Nomi) e uma mulher cisgênero negra (Amanita). Ou seja, é interseccionalidade pra ninguém botar defeito. A diversidade de sexualidades, etnias e culturas é um ponto forte da série.
Laerte-se
Essa produção brasileira da Netflix tenta desvendar a cartunista que descobriu e assumiu sua transexualidade com quase 60 anos. Pai de três filhos e no terceiro casamento, Laerte fez a transição ao lado da esposa.