Em 2024, o MonitorA, observatório de violência política de gênero e raça, volta a funcionar, mas enfrentando novos obstáculos. Nessa edição, o projeto é uma parceria da Revista AzMina com o InternetLab, o Núcleo Jornalismo e o Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia (LABHUFBA).
Em 2020, acompanhamos as eleições municipais. Em 2022, investigamos como candidatas às eleições estaduais e federal foram atingidas pela violência de gênero no ambiente digital e propusemos caminhos para combater isso. Em 2024, voltamos a analisar eleições municipais por todo o Brasil para identificar as principais narrativas associadas à violência política de gênero.
O maior desafio dessa edição é a falta de acesso a dados para a pesquisa, chamado por alguns pesquisadores de “apagão de dados”. Com o fechamento do CrowdTangle, plataforma de pesquisa da Meta, e os altos preços de acesso a dados do X, antigo Twitter, só contamos com interfaces de pesquisa do YouTube e do Telegram.
COMO FUNCIONA?
Monitoramos os perfis de candidatas às eleições de 2024 no YouTube, Telegram e Bluesky, avaliando postagens, comentários de usuários e outras interações. Com apoio de uma profissional linguista especializada em discursos violentos, atualizamos nosso léxico de expressões e palavras frequentemente usados em atos de violência política de gênero, usados como chave para a coleta/ tratamento e visualização, feitos pelo Núcleo Jornalismo no caso do YouTube, e pelo LABHUFBA nos casos do Telegram e Bluesky.
Na base de dados, cada publicação passa por revisão humana, a partir do que identificamos como os discursos mais frequentes na prática de violência digital contra candidatas mulheres, os perfis que mais as atacam, candidatas mais vitimadas, estratégias usadas, entre outras possíveis leituras.
As análises, seja em âmbito nacional, regional ou local, se transformam em reportagens, conteúdos digitais para redes sociais e relatórios voltados ao combate da violência de gênero online, que servem como subsídio para demandar mudanças junto às plataformas.
Ao fim das Eleições 2024, confeccionaremos um relatório completo dos achados do MonitorA, bem como um documento com recomendações para a discussão da violência de gênero em termos de políticas públicas e privadas das redes sociais para o futuro.
QUAIS CANDIDATURAS SÃO MONITORADAS?
Monitoramos todas as candidatas de capitais a prefeituras e vice-prefeituras em capitais; uma candidata à prefeitura e vice-prefeitura no interior de cada estado; além de 3 candidatas a vereadoras de cada estado, totalizando 147 candidaturas. Buscamos uma amostra diversa nos quesitos raça/etnia, identidade de gênero, orientação sexual, deficiência, faixa etária, maternidade e religião.
A fim de garantir a validade metodológica das análises, incluímos um grupo menor de controle com candidaturas masculinas, seguindo os mesmos critérios de diversidade.
FINANCIAMENTO
O MonitorA é um observatório de violência política online contra candidatas(os) a cargos eletivos. A edição de 2024 tem financiamento International Development Research Centre (IDRC).
Os conteúdos que produzimos
15% das candidatas no 2º turno, mulheres recebem 68,2% das ofensas em debates
MonitorA expõe misoginia e transfobia contra candidatas em 2024
Violência online também atinge candidatas no interior do Brasil