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Sexo sapatão: primeira vez com uma xoxota dá para ser bom?

A influenciadora digital Lela Gomes dá dicas para pessoas que vão fazer xana com xana pela primeira vez

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Não importa se você tem 15, 25 ou 37 anos, a primeira vez que vai rolar o xana com xana sempre dá frio na barriga. Será que eu vou saber fazer? Será que eu vou parecer muito inexperiente? E o que eu faço com a língua e com as mãos? As dúvidas são muitas e às vezes falta coragem ou até uma amiga antiga no vale das sapatão para a gente fazer aquele tutorial. 

Mas calma que AzMina está aqui para te ajudar. A gente procurou a influenciadora digital e lésbica, Lela Gomes, para bater um papo com a gente sobre esse momento que é tenso, mas que pode ser ser uma delícia também. Ela deu algumas dicas do que não fazer na hora “H”, falou sobre proteção na hora do sexo e ainda explicou alguns termos do mundo das xanas. Você pode assistir aqui ou ler essa conversa na íntegra abaixo.

Helena Bertho: Umas amigas minhas, que vão transar pela primeira vez com outra mulher ou com um boy trans, com alguém que tem xoxota, ficam me perguntando: Helena, tem um manual? Eu não sei o que fazer… Lela, tem um manual para isso?

Lela Gomes: Eu sempre falo, quando as minhas amigas me perguntam isso, você sabe o que você gosta no seu corpo, né? Então você acaba sabendo mais como agir, na hora… É óbvio que vai dar um nervoso,  é óbvio que pode ser que não seja maravilhoso, mas um manual, um grande segredo, eu acho que não tem. Eu acho que você tem que ir na intuição mesmo. 

Helena Bertho: Como que eu descubro o que a outra pessoa gosta? Eu fico de olho? Eu pergunto? 

Lela Gomes: Tem que dialogar. A pessoa que vai transar com você, ela sabe que talvez você não saiba das coisas como ela, então acho que você tem que estar aberta ao diálogo. E acho que a pessoa tem que guiar você também de alguma forma, né?  As pessoas têm muito pudor em falar na hora do sexo e não tem que ter pudor.  Já tá ali dando, de perna aberta, sacou? Fala o que quer que seja, pô, explica, dá um workshop praticamente. 

Helena Bertho: Numa das primeiras vezes com a minha namorada, eu perguntei: o que é tesourinha? Foi bem cômico. Você acha que dar um google, ali, dar uma pesquisada antes: “vagina, o que fazer”, ajuda?

Lela Gomes: Não, porque você vai cair em uns filmes da indústria pornô, que são extremamente fetichizados, feitos por homens, para homens, nada daquilo é real, nada daquilo ali é verdade. Se você for pegar aquilo ali de referência, você vai cair do cavalo, então google não. Conversar com amigas que já transaram com mulheres talvez seja uma boa ideia, mas sabendo que não vai acontecer exatamente o que você está bolando. Porque é isso, cara, falo e repito: sexo é muito intuitivo. 

Helena Bertho: Pensando numa mina que tá se permitindo transar pela primeira vez com alguém do mesmo sexo. Ela tá acostumada com o sexo hétero, padrão… É um bom método ir lá no aplicativo e começar a procurar lésbicas ativas para saírem com ela, já que ela está acostumada com o papel passivo? O que você acha disso?

Lela Gomes: Eu acho que a partir do momento que uma mulher busca sexo com outra mulher ou com alguém da comunidade queer, ela tá tentando sair da heteronormatividade. E essa coisa de ativa, passiva, ela tá muito dentro da heteronormatividade, ela tá muito dentro do falocentrismo, porque o sexo hétero nada mais é do que tudo girar em torno da piroca. Então assim, não existe uma nomenclatura que não seja ativa ou passiva, e existem realmente mulheres que só dão e mulheres que preferem só comer as namoradas, mas eu acho que é um caminho onde ela ainda vai estar  na heteronormatividade, sacou? Então se ela se propôs, se ela está afim, se ela tá liberta a ponto de querer transar com outra mulher mesmo sendo completamente acostumada a transar com caras: esquece ativa, esquece passiva. Vai se jogar, vai ser feliz, porque vai ser muito mais fácil e muito mais prático. 

Helena Bertho: Nem todo mundo sabe que tem o conceito dar e comer no sexo sapatão, explica aí o que é isso?

Lela Gomes: Dar é quando você está recebendo: ou sendo penetrada, ou sendo chupada, ou a pessoa está te masturbando e você está ali entregue, é quando você está dando. E quando você está comendo, é quando você está proporcionando prazer para a pessoa. 

Helena Bertho: A gente falou de dar, de receber, existem mais termos?

Lela Gomes: Ah gente, tem a colação de velcro, né? O famoso cola velcro, que é a tesourinha, quando você encosta uma buceta na outra. É uma questão de encaixe, tá meninas? Você pode encaixar na hora com uma mulher, como você pode não encaixar nunca. E tá tudo bem, e tá tudo legal. 

Helena Bertho: Você já foi a primeira vez de alguém?

Lela Gomes: Sim, foi catastrófico. A menina queria ficar comigo a todo custo e eu “cara, não vou ficar com essa menina, velho”. Porque eu acho que é uma responsabilidade, querendo ou não, ser a primeira pessoa. Marca de alguma forma e eu não tô querendo marcar ninguém, honestamente. Mas enfim, eu fiquei com a menina, óbvio, eu queria ficar com ela, ela era uma gata, mas eu tava evitando porque eu não queria ser a primeira dela.  Eu tava assim: “pega alguém, pelo amor de Deus, né? Depois me pega”… Mas enfim, foi uma catástrofe. No meio do sexo, ela começou a ter uma crise de choro. E eu não conseguia saber se era culpa, se era libertação, se era desespero, se tava uma merda. Eu ficava assim: “cara, o que tá acontecendo, pelo amor de Deus”, e ela não parava de chorar e pedia para continuar. Eu tentava continuar, mas ela não parava de chorar. Aí teve uma hora que eu falei “chega, não dá mais, parou, vamos conversar aqui”. Ela nunca conseguiu me explicar porque ela começou a chorar daquela forma. Hoje em dia ela é sapatãozissíma, graças a Deus, a gente se encontra, a gente se diverte, mas assim, foi caótico. 

Helena Bertho: A única traumatizada foi você nessa história…Eu quero dicas práticas, assim, o que eu faço com a minha mão e com a minha língua? 

Lela Gomes: Acho que sentir o clima é a maior dica possível, porque nada começa já na porradaria, pode ter a porradaria, mas vai com calma e vai entendendo o que a sua parceira quer. E siga a sua intuição, escute a sua parceira. Se ela falar assim: “pô, aqui, assim, chega para lá”, faça o que ela está falando.

Helena Bertho: Proteção, como é que faz?

Lela Gomes: Tem gente que usa camisinha na mão, tem gente que corta a camisinha e bota na frente da vagina na hora de fazer o sexo oral. Mas assim são coisas muito arcaicas. Ninguém pensa na gente. 

Helena Bertho: Suas palavras finais para quem vai se aventurar com uma xoxota pela primeira vez na vida?

Lela Gomes: Vai fundo minha filha. E lembre-se que é um caminho sem volta! 

Curtiu?! Para continuar no clima, veja outros papos que rolaram no Exausta e com Tesão, o programa de sexo da Revista AzMina. 

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