Entre 2015 e 2021 foram registradas: 24 mortes, 40 tentativas de assassinato e 200 ameaças de morte contra defensoras do meio ambiente.
Os ataques às ativistas ambientais chegam a 3 por mês, em média.
AzMina fez um levantamento inédito com recorte de gênero a partir dos dados anuais da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Tá tudo disponível no nosso site: azmina.com.br
As mulheres que sofrem maior perigo no campo são as posseiras, sem-terra, indígenas e quilombolas; e elas estão principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A violência mais comum é moral, como calúnia e difamação. Mas ameaças anônimas, através de bilhetes e ligações, também são recorrentes.
Têm ainda os ataques e intimidações mais diretas, como homens circulando ao redor da residência delas.É o que aconteceu com Antônia Cariongo, que defende comunidades quilombolas no Maranhão.
“Eu fiquei três meses com o meu psicológico acabado. Eu não saía de casa, eu tinha medo. Hoje eu saio para fazer minhas coisas, mas sempre tendo aquele cuidado, sabe?”
contou Antonia Cariongo
Ameaçar familiares é uma forma de amedrontá-las, já que muitas são chefes de família.
“Todas essas coisas calam e fragilizam a luta”
disse Terine Husek, pesquisadora do Instituto Igarapé.
E quando falamos de violência física, o gênero determina ainda uma agressão muito particular: o estupro.De acordo com a comissão pastoral da terra, em uma década foram registrados37 estupros.
As vítimas são principalmente mulheres quilombolas.E os agressores foram fazendeiros, garimpeiros, membros do poder Legislativo municipal, empresários.
Entre as defensoras ameaçadas de morte, quase metade são reconhecidas como lideranças. Isso significa que elas são fundamentais para o território e para os direitos de suas comunidades.
A vida dessas mulheres acaba sendo modificada contra a vontade delas.As relações sociais são atravessadas pelo medo.E as amorosas também são atingidas, sendo a solidão algo comum entre elas.
O machismo faz com que muitos homens não aceitem ter uma companheira ativista.Existe ainda os que ficam, mas são violentos com a mulher que toma as rédeas da vida e da luta política.
Diante das ameaças, as mulheres podem relatar os ataques e entrar no
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas.
Mas o programa tem uma atuação limitada. Algumas mulheres ficam de fora da proteção. Já para quem está dentro, o programa nem sempre responde às necessidades das protegidas.
Além de uma proteção que seja pensada juntamente com as próprias defensoras ambientais, a principal solução para preservar a vida dessas mulheres é demarcar, homologar e preservar os territórios.