A notícia já era dolorosa o bastante: a gravidez não significaria o crescimento da família,o feto era inviável por ter uma malformação fetal grave. Aquela era a primeira gestação de Larissa*, 35 anos.
A interrupção terapêutica da gravidez era a única forma de encurtar a tristeza, proteger sua saúde (física e mental) e garantir que logo ela pudesse tentar outra vez.
Para conseguir esse direito, ela precisou recorrer à Justiça.
Assim que confirmou a Síndrome de Edwards, com 12 semanas de gestação, Larissa e seu companheiro foram entender o que poderia ser feito.
O casal conseguiu um parecer favorável da promotoria de Justiça em Brasília para a "interrupção terapêutica". Em poucos dias, ela fez o aborto.
“Não teve sofrimento além do tempo, além do necessário”
Larissa, que conseguiu o direito ao aborto na Justiça
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Em casos de malformações fetais gravíssimas, a interrupção da gravidez é um direito que preserva vidas. No entanto, muitas mulheres ainda precisam lutar na Justiça.
A crimininalização do aborto no Brasil deixa esse caminho mais tortuoso, restringe a comunicação, interfere no sentimento, na decisão e na busca pela melhor resolução para cada pessoa.
Somente quando é anencéfalo a interrupção é permitida desde 2012 por decisão do STF.
“Infelizmente, ainda há uma mistura da religião com a saúde, prejudicando a ampliação do acesso”
Promotora Fabiana Dal'Mas
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Todos os dias,em média, 19 fetos malformados ou com anomalias diversas morrem no país, antes ou logo ao nascer. São cerca de7 mil casos por ano,de acordo com o Ministério da Saúde.
Se você está passando por isso, procure a Defensoria ou o Ministério Público para saber o que pode ser feito.
Provavelmente,será preciso dois laudos médicose o ultrassom que comprova a malformação incompatível coma vida.
Busque atendimento nos hospitais de referência em mulher e medicina fetal.Atendimento psicológico também é fundamental para ajudar a lidar com toda a situação.
Não está errado querer o aborto nesses casos.
ATENDIMENTO ÉTICO E INFORMAÇÃO TAMBÉM SÃO DIREITOS.