O papel social das macumbeiras

Mulheres lideram terreiros e lutas sociais

Comportamento

Você já se perguntou porque em muitas religiões ocidentais não é comum que as mulheres ocupem cargos de liderança?

Já nas religiões de matrizes africanas, como o Candomblé e a Umbanda, as mulheres quase sempre são maioria, inclusive ocupando os postos mais altos.

Isso porque a hierarquia de boa parte da tradição africana não é binarista.

Ou seja, não divide o mundo entre bem e mal, emoção e ciência, homens e mulheres

Nessas religiões, a hierarquia costuma, então, ser baseada na ancestralidade e no tempo de prática nos terreiros (também conhecidos como barracões).

Mas manteruma maioria de mulheres na liderança de casas de axé também resultou na perseguição e no racismo que as religiões de matriz africana sofrem  no Brasil.

Há mais de 500 anos, o machismo e a intolerância seguem presentes na vida das mulheres que escolhem fazer parte dessas religiões. Mas elas resistem.

Fui a primeira Yaô daqui, andei pela cidade toda de branquinho

Maria do Carmo, conhecida como Mãe Du, é uma das mulheres à frente de um terreiro de Umbanda, na cidade de Viçosa (Minas Gerais).

Nos últimos dez anos, Mãe Du tem viajado para falar das religiões de matriz africana nas universidades e em encontros pelo país.

As mulheres de santo também foram as responsáveis por gerir comunidades e criar as “familias de santo” após a escravidão no Brasil.

Os terreiros brasileiros passaram a ser tornar presentes na maior parte das regiões periféricas do país, acolhendo as pessoas estigmatizadas pela sociedade, como mães solo e o público LGBTQIA+.

Em 2021, a Organização das Mulheres de Axé do Brasil (MAB) distribuiu mais de 23 mil pacotes de absorventes higiênicos para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social.

Seja como mulheres de santo, senhoras do ilê, sacerdotisas ou herdeiras do axé - as macumbeiras - desempenham um papel social muito além da religião.