jornalistas negras e indígenas são alvo de misoginia e ataques racistas 

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

É assim que usuários respondem a jornalistas que se posicionam contra o racismo no Twitter, as chamando de oportunistas ou vitimistas.

“Se for mulher ou pessoa negra não se pode criticar, você é cancelado”

As ofensas pessoais se sobrepõem às críticas aos seus trabalhos na rede, e elas são chamadas de “louca”, “burra”, “doente”, “maluca” e “tapada”.

São ofensas mais direcionadas ao que você é como pessoa física, exatamente porque muitos deles trabalham nisso de atacar a pessoa e não a ideia”

conta a jornalista Cecília Oliveira.

Muitas vezes os ataques acontecem quando alguém discorda da informação ou ponto de vista publicado pelas jornalistas. Mas no caso de quem trabalha na TV, por exemplo, basta entrar no ar.

No caso das jornalistas indígenas, elas são questionados por ocuparem espaços urbanos, fazerem uso  de tecnologias e falarem outras línguas.

Quando indígenas começam a falar de suas vivências, utilizando-se ferramentas dos avanços tecnológicos, isso incomoda"

diz Elaíze Farias, repórter  e co-fundadora da Amazônia Real.

Elas tentam se proteger dos ataques como podem, mas apenas 2 em cada 10 ofensas identificadas foram removidas pela plataforma da rede social ou pelo próprio usuário.

"Poderia ter uma moderação sobretudo para as mentiras e postagens racistas. Um meio de identificar quem são os autores, porque racismo é crime no país", lembra Elaíze.

Apesar do cenário hostil, encontramos tuítes de apoio às jornalistas. A união de pessoas negras para o fortalecimento dos indivíduos é conhecida como “aquilombamento” e também acontece nas redes.

A repórter Gabi Coelho lembra que procurar amparo é importante “pra que a gente continue existindo nesses espaços que são essenciais."

Essa investigação de dados foi feita por AzMina, InternetLab e Núcleo Jornalismo, junto ao Volt Data Lab e ao INCT.DD, com financiamento do Carnegie for International Peace e apoio do ICFJ.