Conheça a a enfermeira que batalha pelo aborto seguro há 40 anos

Parteira ativista, Paula Viana pega mulheres pela mão para garantir que tenham direito ao abortamento legal.

40 anos, ela percorre um caminho que é, sobretudo, feminista. Vai completar três décadas como integrante e coordenadora do Grupo Curumim – Gestação e Parto.

O pouco que está estabelecido na legislação em relação ao aborto vem sendo desrespeitado por autoridades e frentes religiosas, e acaba sendo cumprido a partir de atuações feministas como as de Paula.

O número de partos que acompanhou, ela tem de cor: 116. Já a quantidade de abortos, Paula nunca contou porque sempre ocorreram de formas turbulentas, ainda que permitidos.

Ela foi excomungada da Igreja Católica duas vezes pelo mesmo arcebispo – uma delas por garantir, em 2009, o aborto legal de uma menina de 9 anos estuprada pelo padrasto, que engravidou de gêmeos.

“Quando chega pra gente situações de aborto legal, ainda é uma grande dificuldade para que a mulher consiga atendimento”, testemunha Paula, mesmo esse sendo um direito garantido há 80 anos.

“Paula é muito corajosa, sem dúvida nenhuma, é uma pessoa que eu admiro, que nos ajuda muito e tem uma projeção nacional”, disse o médico Olímpio de Morais, amigo dela há 30 anos.

"Infelizmente, é uma minoria que tem essa participação política.”

Encontrar parceiros como Olímpio na  medicina para a pauta feminista nunca foi simples, aponta Paula.

Deparar-se com a mortalidade materna foi o que a levou ao ativismo.

“A gente vê os abortos causarem a morte por negligência no atendimento. É inadmissível a mulher sangrar dentro do hospital até morrer.”

“Paula põe corpo na luta, está sempre pronta pra responder situações de violação."

Verônica Ferreira, do SOS Corpo, que também busca a legalização do aborto

Durante uma marcha do dia 8 de março, em depoimento em vídeo, Paula Viana fala valente: “as mulheres sempre foram protagonistas da transformação da sociedade, nós vamos mudar esse Brasil."