CONGELAMENTO DE ÓVULOS: NOVA REVOLUÇÃO FEMININA?

Medos, dúvidas, inseguranças e dilemas

Você nem sabe se quer ser mãe, mas o algoritmo já tá lá… te empurrando uma propaganda de congelamento de óvulos. Não basta a tia perguntar sobre o bebê, agora até o feed começa a falar que tá na hora. 

Vendido como um ‘seguro fertilidade’, o congelamento de óvulos oferece às mulheres o que a natureza não garante: tempo. Seja para adiar a gravidez, seja para adiar a decisão sobre uma gravidez.

Mas quando ele vem para atender uma necessidade real?  E quando começa a servir a uma sociedade que não tolera mães que trabalham?

Estamos fazendo as perguntas certas?

Aí você começa um tratamento que vai estimular a sua ovulação.

Na prática o congelamento funciona assim: primeiro você faz uma bateria de exames para checar hormônios, útero e ovários.

Normalmente, a gente libera de um a dois óvulos por mês. Mas aqui a intenção é liberar de dez a vinte óvulos para o congelamento. E pode ser que isso não role de primeira. Aí o processo se repete.

Os óvulos são retirados e congelados em um freezer. Eles ficam lá até a dona resolver usar. E isso pode levar até 10 anos. Mas é justamente esse tempo que o mercado tem oferecido a tantas mulheres.

A maioria dos médicos indica que o congelamento seja feito até os 35 anos. Mas antes ou depois disso, ele não pode ser visto como um seguro e sim como uma aposta, porque tem chance de não dar certo.

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Falar do valor é importante porque ajuda a gente a entender um dos principais motivos que fazem muitas mulheres empurrarem a maternidade para depois: o trabalho.

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“Muitas vezes ao descongelar a gente perde esses óvulos. E mesmo quando a gente implanta os embriões, pode, sim, ter um abortamento. Ou nem evoluir essa gestação”.

Não é só o congelamento que é pago. Os remédios, os exames e o tempo que esses óvulos ficam na clínica também são cobrados.

Em algumas clínicas, o procedimento chega a custar R$ 40 mil.

Adiar a gravidez por conta da carreira e dos estudos é um movimento que vem acontecendo desde os anos 90. Só que nesse processo a maternidade tem sido colocada como inimiga da carreira.

Dá para dizer que o congelamento de óvulos é um avanço que traz muitos benefícios. Mas será que essa busca seria tão alta se a gente vivesse numa sociedade mais acolhedora com as mães?

Grandes empresas estão oferecendo esse serviço. E o que parece um benefício, é, na verdade, algo mais barato do que dar uma licença maternidade, equiparar salários ou apoiar as mães no mercado de trabalho.