Mesmo quem não é o maior fã de esportes dificilmente passou pelas últimas semanas sem ouvir falar de Douglas Souza, fenômeno das redes sociais, o jogador de vôlei com mais seguidores do planeta no Instagram e o primeiro atleta da seleção masculina brasileira a se declarar gay. Disputando as Olimpíadas de Tóquio e sem medo de revelar sua orientação sexual ou mostrar trejeitos femininos, Douglas abriu uma discussão importante: o esporte está preparado para todo tipo de feminilidade?
A Olimpíada de Tóquio é a edição mais igualitária da história dos jogos olímpicos. As mulheres representam 49% dos atletas que foram ao Japão. Além disso, também temos o maior número de atletas abertamente LGBTQIA+: Ao menos 160 competidores são gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, queer e não binários.
Mas há anos sabemos que o feminino só é aceito no esporte de alto nível quando é sexualizado. Ou objetificam e sexualizam nossos corpos nos obrigando a vestir certos uniformes, por exemplo, ou tentam nos impor uma feminilidade meiga, infantil, com acessórios e maquiagens.
Não à toa ainda ouvimos por aí que há esportes que “não são de mulher”. Futebol? Masculino demais. Judô, boxe, ou lutas em geral? Muito agressivo para nós. Para ginástica artística somos perfeitas. E em esportes como vôlei ou natação, depende dos nossos corpos – e dos nossos looks.
No vídeo desta semana do programa “Mas vocês vêem gênero em tudo?”, no canal de YouTube da AzMina, discutimos justamente sobre o que o sucesso Douglas, os protestos das ginastas alemãs sobre seus uniformes e o “não” de Simone Biles têm a nos ensinar sobre os estereótipos de feminilidade no esporte que não estamos mais dispostas a aceitar.