No português que falamos no Brasil, só há dois gêneros: o feminino e o masculino, sendo o último adotado como representante universal. Com isso, pessoas não-binárias, que não se identificam com nenhum desses gêneros, são excluídas da língua portuguesa, da comunicação feita pelos órgãos públicos e das pautas da grande mídia. Mas qual é a forma correta de se comunicar nesses casos?
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Utilizar uma linguagem neutra é uma maneira de incluir – sem demarcar gênero – todos os indivíduos da nossa sociedade no debate, na conversa e nas pautas de jornais e revistas. E no jornalismo isso diz respeito ao profissional de comunicação, os entrevistados ou especialistas.
AzMina já mostrou em um vídeo do nosso canal do YouTube como a discussão sobre o uso da linguagem neutra vem sendo reivindicada por pessoas LGBTQIA+ de vários países do mundo, mas ainda enfrenta muita resistência. Foi pensando nisso que estudantes de Comunicação da Universidade de Brasília (UNB) criaram um manual para ajudar jornalistas e veículos de imprensa no uso da linguagem neutra. Mas o material também pode e deve ser utilizado por toda a sociedade..
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Idealizadora do projeto, Carol Leão, 20 (ela/delu), explica que o manual foi pensado para que a mídia possa utilizar nas produções de conteúdo, “como parte da construção da cultura no país”.
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Para celebrar o Dia do Orgulho LGBT+, AzMina compartilha o guia Comunicação para todes, todas e todos. Confira abaixo o Manual resumido, no formato de 8 dicas para começar a utilizar a linguagem neutra: :
1 – Não use o X ou @ como ferramenta de neutralidade de gênero.
Eles prejudicam a visibilidade e a pronúncia e se tornam uma dificuldade evidente para pessoas com deficiências visuais ou dislexia.
2 – Use coletivos neutros:
Exemplos:
- Boa tarde a todos. → Boa tarde, gente.
- Conta para todos eles. → Conta para todas as pessoas.
3 – Use substantivos uniformes “sobrecomuns” (de apenas um género):
Exemplos:
- Ela partiu. → A pessoa partiu.
- Que menino mais lindo. → Que criança mais linda.
4 – Substitua os pronomes pessoais “ela(s)” ou “ele(s)” pelo pronome neutro “elu(s)”:
Exemplos:
- Ela bebeu muita água. → Elu bebeu muita água.
- Os olhos dele são castanhos. → Os olhos delu são castanhos.
- Aquela menina é linda. → Aquelu menine é linde.
Outras opções: elu, elus, delu, delus, nelu, nelus, aquelu e aquelus.
5 – Elimine artigos e pronomes sempre que possível.
Exemplos:
- A Noah saiu de casa com a Flora. → Noah saiu de casa com Flora.
- Logo, ele explicará os seus motivos. → Logo, explicará os seus motivos
6 – Use pronomes indefinidos (sem o uso de adjetivos), como “Alguém” , “Ninguém” , “Outrem” , “Quem” , etc.
Exemplos:
- Dê esse presente para seu namorado. → Dê esse presente a quem você namora.
- Não encontrei elas. → Não encontrei ninguém.
7 – Use adjetivos que não tem gênero.
Exemplos:
- Eu não sou fraca. → Eu sou forte.
- Nós estamos animados com a notícia. → Nós estamos felizes com a notícia.
8 – Use voz passiva, gerúndio e faça outras mudanças na estrutura das frases.
Exemplos:
- Eu estou cansada disto. → Eu cansei disto.
- Estou preocupado com isto. → Isto está me preocupando.
Essas são dicas básicas para introduzir a linguagem neutra no seu vocabulário, mas você pode se aprofundar no assunto e acessar o manual completo por esse link. Além das instruções, no material é possível saber mais sobre cada integrante do projeto e personalidades não-binárias que são experts nesse assunto!