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A cereja do bolo: a história por trás das cirurgias plásticas

Se os homens foram os grandes cobaias na história da cirurgia plástica, hoje as mulheres são o alvo dos procedimentos que prometem o corpo dos sonhos. Mas são os sonhos de quem?

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A cirurgia plástica é muito mais antiga do que parece. Só para ter uma ideia, milênios atrás, na Índia, já se faziam enxertos e uma espécie de reconstrução nasal. Mas foi especialmente durante as guerras mundiais do século XX que as técnicas se desenvolveram e se modernizaram, trabalhando para reparar rostos de soldados e pilotos feridos ou queimados. É curioso pensar em como uma especialidade médica criada para “consertar” homens se tornou um mercado para aperfeiçoar as mulheres. 

Segundo a pesquisa de 2020 da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), mais de 85% dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos com fins estéticos são mulheres. Já o censo de 2018 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica apontou que quase 80% dos cirurgiões plásticos do país são homens. 

Por um lado, cada vez mais celebramos a diversidade de corpos e de belezas. Por outro, os procedimentos estéticos nunca foram tão variados e naturalizados. Em consultórios médicos, as promessas de bem-estar, melhora da autoestima e realização de sonhos se misturam a discursos machistas e até racistas. Por que seios maiores nos tornam “mais mulheres”? Por que um nariz fino nos torna “mais femininas”? 

No sexto e último episódio da série Corpo especulado, revisitamos a história das cirurgias plásticas, passamos por consultas médicas e fomos atrás de alguns dos casos e controvérsias que têm balançado essa indústria. 

Leia mais: Histéricas, lobotomizadas e medicalizadas

Entrevistadas do episódio: 

Fabíola Rohden, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faz pesquisas relacionadas a gênero e transformação corporal, entre outros assuntos.

Jéssica Brandt da Silva, doutoranda em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fez pesquisas relacionadas a cirurgias plásticas na graduação e no mestrado.

Emília Sato, médica reumatologista, professora da Universidade Federal de São Paulo e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Larissa de Almeida, presidente da ACEITA – Associação de Conscientização sobre Explante, Implante, Toxicidade e Adjuvantes. 

Para saber mais: 

A história do desenvolvimento da cirurgia plástica nos hospitais de guerra

Artigo de Fabíola Rohden e Jéssica Brandt da Silva sobre produção de feminilidade e cirurgia plásticas

Artigo de Fabíola Rohden e Marcelle Schimitt sobre as fronteiras entre estética e reparação na cirurgia de mama

Dissertação de mestrado da Jéssica Brandt da Silva sobre explante de silicone

Explicações do FDA sobre riscos e complicações de implantes mamários

Nota da Sociedade Brasileira de Reumatologia sobre a doença do silicone

Expediente

A série Corpo especulado é uma parceria entre a Revista AzMina e o podcast 37 Graus, produzida com o apoio do Instituto Serrapilheira. Esse episódio foi apresentado por Helena Bertho, Sarah Azoubel e Bia Guimarães. A produção desse episódio é de Bia Guimarães. A equipe de pesquisa, produção e roteiro da série completa também conta com Joana Suarez e Marília Moreira. A edição de som é de Bia Guimarães, a trilha sonora é de Marianna Romano, e as artes de capa são de Bárbara Miranda e Giulia Santos. A transcrição é de Renata Zioli Dias. 

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